Ver o boletim do filho cheio de notas baixas pode ser desesperador. Para alguns pais e cuidadores essa situação desperta logo um sentimento de raiva, tristeza, ou até culpa. Muitos já pensam na bronca ou punição que vão dar aos filhos. Porém, precisamos compreender que na maioria das vezes, o baixo rendimento escolar, sinaliza que algo não vai bem com a criança ou adolescente.
Em consultório, percebemos que quando as crianças estão com problemas emocionais, um dos primeiros sinais é justamente a queda de rendimento escolar, ou desinteresse pelos estudos. Então, antes de julgar ser apenas preguiça, precisamos analisar o que pode estar acontecendo.
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Diversos fatores podem contribuir para o baixo rendimento escolar, incluindo dificuldades emocionais como ansiedade, problemas de atenção, dificuldades específicas de aprendizagem como dislexia ou TDAH, ambiente familiar instável, problemas de relacionamentos com professores ou colegas e métodos de ensino inadequados.
Após compreender o que pode estar afetando o rendimento, precisamos pensar em estratégias eficazes para ajudá-los. Ao invés de gritar, colocar de castigo ou julgar, o melhor a fazer é aproveitar esse momento de dificuldade para se aproximar e criar vínculos com seu filho. Seja um parceiro dele, e transforme esse momento em oportunidade de superação e crescimento. Lembre-se que a forma com que seu filho lida hoje com os estudos, muito provavelmente será como vai lidar futuramente com o trabalho. Portanto, o apoiando agora, você está ajudando a desenvolver habilidades importantes para seu futuro profissional.
Organize o horário de sono de seu filho. Muitas vezes a falta de concentração, acontece porque a criança não descansou o tempo necessário. Defina a regra de forma clara: “A partir de hoje, você terá que dormir tal hora e acordar tal hora.” Rotina sempre traz previsibilidade e segurança para os pequenos. Organize também um ambiente de estudo acolhedor e tranquilo, bem como horário de estudo diário. (Aqui, mudanças simples podem motivar a criança, como uma mesinha de estudos com canetas e lápis coloridos, quadro de rotina elaborado junto com a criança e adolescente).
Mostre interesse genuíno pelos estudos de seu filho. Pergunte sobre o dia escolar, suas matérias favoritas e aquelas que ele acha mais difíceis. Mostre que você está interessado e disposto a ajudar. Mesmo que seu filho seja adolescente, se ele estiver precisando, se aproprie das matérias que está estudando e acompanhe mais de perto. O córtex pré-frontal - a área cerebral responsável por organização e limites, continua em desenvolvimento, portanto, eles ainda precisam de suporte. Uma comunicação aberta com os professores e coordenadores também é fundamental. Vá até a escola e se faça presente.
Permita que expresse suas frustrações e medos sem julgamento. Aqui é importante também ficar atento em como estão as atividades de lazer dos filhos. Se estão muito tempo em telas, é importante limitar o tempo e substituir por atividades que envolvem a estimulação da atenção, concentração e criatividade como: leituras, jogos de tabuleiro, caça-palavras, desenhar, revistinhas com atividades, etc. Se perceber sinais de ansiedade ou depressão, considere buscar a ajuda de um psicólogo infantil.
Possíveis Intervenções Educacionais: Dependendo da demanda de seu filho, avalie junto à escola a possibilidade de adaptações para esse momento de dificuldade. As intervenções podem variar desde o filho sentar à frente, até uma atenção mais detalhada dos professores. Se for diagnosticado alguma dificuldade de aprendizagem, adaptações curriculares serão necessárias.
Relacione o conteúdo escolar com os interesses e objetivos de vida do seu filho para torná-lo mais relevante e interessante. Não esqueça também de recompensar o esforço e a dedicação e não focar apenas nos resultados. Elogios e reconhecimento aumentam a motivação.
Sabemos que lidar com o baixo rendimento escolar, é desafiador e requer um esforço conjunto de pais, educadores e profissionais da saúde. Porém, com presença, paciência, compreensão e estratégias adequadas, é possível fazermos uma grande diferença na vida acadêmica e emocional dos nossos pequenos. Não esqueçamos que para uma criança desenvolver ao máximo seu potencial e sua personalidade de maneira saudável é imprescindível o envolvimento ativo dos pais e cuidadores.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.