Como a queda de juros pode afetar seu bolso

Legenda: A taxa básica de juros é um importante mecanismo utilizado pelo Banco Central para monitorar a inflação, pois influencia todas as outras taxas praticadas no mercado.
Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Um dos grandes assuntos da semana foi a redução da taxa básica de juros da economia, a Selic. Em reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), no dia 02 de agosto, decidiu-se pela redução dos juros referenciais em 0,5%, assim, a Selic que antes era 13,75% passou para 13,25% ao ano. Esta foi a primeira redução de juros desde agosto de 2020, fato muito significativo neste momento de recuperação a Economia.

E então, você se pergunta: “Mas o que isso reflete na minha vida? Onde vejo esta redução?”

A taxa básica de juros é um importante mecanismo utilizado pelo Banco Central para monitorar a inflação, pois influencia todas as outras taxas praticadas no mercado.

Quando a taxa de juros aumenta, torna-se mais oneroso para famílias e empresas obter crédito para consumo e investimento. No entanto, quando ocorre uma queda de juros, o efeito esperado é o oposto.

Veja também

Sabemos que a redução dos juros pode não chegar de forma relevante no dia a dia financeiro das famílias, tendo em vista que existem inúmeros fatores que determinam, por exemplo, os juros finais cobrados em linhas de crédito no Brasil, como grau de risco em empréstimos, por exemplo, que fazem com que as taxas finais de juros sejam ainda excessivamente altas.

Porém, esta queda inicial da Taxa Selic sinaliza uma tendência forte de queda de juros ao longo dos próximos meses, podendo chegar a 12% no final deste ano, 9,25% em dezembro de 2024, 8,75% em 2025 e 8,5% em 2026, segundo previsões do boletim Focus do Banco Central.

Então, vamos entender os benefícios na nossa vida? Para isso, separei 3 aspectos essenciais do reflexo desta redução na Economia e no seu bolso.

  • Redução do Endividamento

Como os bancos se baseiam na Taxa Selic para definir seus juros de empréstimos, a tendência de queda acaba por criar uma provável redução dos juros cobrados nos empréstimos.

Com a queda na taxa de juros, é esperado que haja mais espaço para a renegociação de dívidas, tornando mais fácil para o brasileiro arcar com as parcelas de um empréstimo. Consequentemente, é esperado que o nível de inadimplência das famílias brasileiras seja reduzido.

  • Crédito Imobiliário

Com a redução da taxa de juros, também há um impacto no crédito imobiliário, o que pode torná-lo menos dispendioso. Isso ocorre porque a taxa Selic estabelece a referência para os bancos definirem suas próprias taxas de juros.

As parcelas de um financiamento imobiliário dependem das taxas de juros praticadas pelo mercado no momento da contratação do crédito. Consequentemente, os brasileiros terão acesso a linhas de crédito mais acessíveis e as prestações da casa própria tenderão a ficar mais baratas.

  • Crédito para Empresas

Diferentes empresas no País possuem suas dívidas vinculadas à taxa Selic, o que faz com que diversos setores sejam altamente suscetíveis às variações da taxa de juros.

Com a Selic em patamares elevados, tem sido mais difícil para as empresas obterem recursos. As taxas de juros para o capital de giro aumentam e, consequentemente, torna-se mais oneroso para as empresas pagarem contas, buscar novas dívidas e expandirem os negócios.

Agora, com a queda da taxa Selic, é esperado que o custo do crédito para as empresas diminua, o que as incentivará a buscar empréstimos e contrair dívidas com mais frequência.

Com isso, a Economia, como um todo, deverá ter uma recuperação, com mais produção, mais investimentos e possibilidades de melhores preços para o consumidor.

Se aguentamos até aqui, é importante que fiquemos firmes para que as turbulências vividas por anos, possam, enfim, se diluírem e que, com determinação e disciplina, possamos nos organizar financeiramente novamente e ter e manter nossa saúde mental.

Ao menos, as perspectivas de uma economia mais equilibrada e em crescimento são reais e serão sentidas em nossa vida financeira, com certeza.

Pensem nisso! Até a próxima.

Ana Alves
@anima.consult
Economista, Consultora, Professora e Palestrante

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.