'Parcelar compra no cartão é chique': será mesmo?

Legenda: Antes de optar pelo parcelamento, é essencial realizar uma análise detalhada do orçamento mensal
Foto: Shutterstock

Não posso deixar de comentar aqui um assunto que repercutiu na mídia na última semana, em que uma influenciadora digital, Virgínia Fonseca, afirmou, em uma live, sua descoberta.

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“Eu descobri que parcelar é chique. Acredita? Eu não sabia. Ninguém paga no débito mais. (...) Você compra um valor alto e o cartão permite você comprar, e a pessoa vê [que você tem limite].”

Com a justificativa que comprar parcelado dá “status” e buscando divulgar seus produtos de cosméticos, Virgínia tocou em um ponto inusitado e de perspectiva diferente. 

Logo lembrei de um amigo que tem 8 cartões de crédito. Ele, então, deve ser extremamente chique. Só que não. Pois os juros não perdoam.

Não esquecendo que cartão de crédito é um empréstimo, cujos juros chegaram a 455,1% ao ano em maio deste ano – recorde desde março de 2017, ele, o juro, ainda é responsável pelo endividamento de milhões de brasileiros que o utilizam para parcelamentos e acabam por não conseguir quitar suas faturas mensais.

Quais cuidados você deve ter com os parcelamentos no cartão de crédito? 

Antes de optar pelo parcelamento, é essencial realizar uma análise detalhada do orçamento mensal. É essencial avaliar com cuidado todas as despesas obrigatórias e compras já realizadas, evitando assim comprometer a renda e se endividar de forma excessiva.

Para evitar surpresas com a fatura do cartão de crédito, é importante ficar atento aos valores lançados a cada semana. É importante fazer o acompanhamento constante para identificar, desde cedo, qualquer sinal de que o orçamento pode ser comprometido.

Caso isso ocorra, é recomendado buscar outras opções de crédito para cobrir os gastos emergenciais, evitando recorrer ao rotativo ou parcelamento do cartão, o que pode levar ao endividamento excessivo.

Cartão de crédito não é complemento de sua renda, mas um empréstimo pré-aprovado. Além disso, pesquisas mostram que, quanto maior o limite do cartão, maior a tendência das pessoas se endividarem.

Mas, Ana. E as milhas? Para gerar pontos ou milhas com os gastos no cartão é necessário estar atento aos cuidados financeiros. A conversão das compras em pontos ou milhas está relacionada com o câmbio do dólar. Como a pontuação pode variar juntamente com a cotação, o processo requer atenção.

Além disso, é importante ter um volume significativo de compras, concentrando a maior parte dos gastos no cartão de crédito, para poder gerar as tão desejadas milhas. Porém, isso exige um controle ainda maior das finanças pessoais, a fim de evitar o estouro do orçamento.

Mas quando é vantagem parcelar?

Quando é preciso comprar um bem e você não tem dinheiro. Se sua geladeira quebrou, por exemplo, e você precisa comprar outra, mas não tem uma reserva para essa situação, é uma saída.

Quando a empresa não oferece desconto para pagar à vista. Se você tem o dinheiro para comprar a geladeira, mas o valor é o mesmo para pagamento à vista, é melhor parcelar e investir a diferença, se de fato você conseguir investir esta diferença.

Importante frisar que, com os juros altíssimos do cartão, basta um deslize e você já está no prejuízo. Quem nunca pagou fatura com atraso ou pagou o mínimo ou parcelou? Juros, juros, juros e multas.

Com a Selic no patamar, ainda, de 13,75% ao ano, uma fatura de R$ 1.000 vira R$ 1.185,60 no mês seguinte, com juros, multa e IOF e pode chegar a R$ 1.696,00 em 1 ano.

Com um primeiro atraso, o banco cobra o juro do rotativo, de 15,18%, mas já propõe um parcelamento da dívida, a juros menores (6%). A regra foi determinada pelo Banco Central em 2017 para evitar superendividamentos.

Portanto, para mim, continua a regra de atenção: quanto mais fácil o acesso ao crédito, mais caro ele é. Imagine você, “garantindo” sua imagem de pessoa chique ao parcelar no cartão e enlouquecendo quando vem a fatura? Será que vale a pena?

Pensem nisso! Até a próxima.

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*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.

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