No tabuleiro da geopolítica e do comércio internacional, a nova composição do Brics, acredito que seja um dos fatos mais importantes nos últimos anos. O Brics, a partir do início de 2024, possuirá novos integrantes: Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã.
O realinhamento do poder econômico e político global, em contraponto a hegemonia americana, está cada vez mais forte e representa a força motriz da alteração do cenário mundial. Neste novo contexto, a China consolida-se cada vez mais como player global, que rivaliza com as maiores economias do mundo, representada pelo G7, especialmente os Estados Unidos.
QUAL O TAMANHO DO NOVO BRICS?
A participação econômica do novo Brics, segundo os dados mais recentes, medido pelo PIB em paridade do poder de compra (PPP*) disponibilizados pelo FMI, aponta para 36,4% de toda a economia mundial. O G7, pela mesma métrica econômica, detém 30,4%.
É importante registrar que em termos de PIB correntes, em dólares, o G7 continua na frente, com 43,7% do PIB global, enquanto o novo Brics, possui 29,2% do PIB mundial. O novo Brics, tem agora 25% do comércio internacional, e entre os principais produtos, o petróleo, detém 43% de produção mundial. Sob a ótica populacional, o Brics, terá um acréscimo de 10,6% em termos de população e passará a conter 3,6 bilhões de pessoas. É, literalmente, um mercado gigantesco.
No campo comercial, o Brics não tem acordo formal de comércio do grupo de países. Contudo, vejo que os acordos comerciais preferenciais entre os países, devem ser acelerados e ser a principal estratégia de articulação comercial entre os países. A aproximação entre os países, através do Brics, favorece um ambiente de negócios mais positivo, que deve repercutir em comércio mais pujante e maior fluxo de investimentos.
CENÁRIO DO COMÉRCIO EXTERIOR CEARENSE
Em terras alencarinas, no ano de 2022, a balança comercial cearense registrou déficit de aproximadamente US$ 2,56 bilhões, resultado das exportações de US$ 2,34 bilhões e importações maiores, no montante de US$ 4,90 bilhões.
Ao colocar uma lupa sob os números, sob a nova formação do Brics, encontramos números que chamam atenção. Em 2022, de tudo que foi importado pelo Ceará, cerca de 48,0% foram oriundos do grupo de países do novo Brics, enquanto apenas 6,2% do que foi exportado pelo Ceará foram para estes países.
Caro leitor, no “Raio-X” do comércio internacional, com os novos integrantes do Brics, você sabe com quantos destes novos países (Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã) o Ceará teve balança comercial positiva em 2022?
- Nenhum
A hora de virar o jogo chegou!
COMÉRCIO EXTERIOR CEARENSE E OS NEGÓCIOS COM O NOVO BRICS
Apesar da “diluição de poder” do Brasil, em razão do maior número de integrantes, a expansão das relações internacionais, proporcionada pelo novo Brics, deve possibilitar um ambiente de negócios mais saudável.
Não tenho dúvidas que o comércio exterior cearense deve se beneficiar com a inclusão de novos países no Brics, uma vez que deve realizar aproximação destes mercados, e por consequência, a alavancagem de novas parcerias e a diminuição da “fricção” na realização de negócios de comércio exterior. Por menor “fricção” dos negócios de comercio exterior, entenda como redução de tarifas e barreiras não alfandegárias (burocracia, salvaguardas, cotas de comercialização, etc.)
Grande abraço e até a próxima semana!
* Purchasing Power Parity. Dados extraídos do Outlook data base, relativo ao dado anual mais recente.
Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.