O crescimento de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do 1º trimestre de 2023, em relação ao trimestre anterior, surpreendeu positivamente parte dos economistas e o mercado financeiro. O PIB, que representa a soma dos bens e serviços finais produzidos no Brasil, foi de R$ 2,6 trilhões em valores correntes nos três primeiros meses de 2023, segundo o IBGE.
Apesar do cenário econômico internacional adverso e juros nas alturas, a economia brasileira apresentou resultados positivos. Para ajudar a você leitor a compreender o quadro macroeconômico atual, apresentarei cinco motivos que explicam o avanço da economia.
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A agropecuária, que responde por aproximadamente 8% da economia brasileira, foi a principal força motriz do crescimento econômico do Brasil no primeiro trimestre de 2023. Depois de sofrer com problemas climáticos no final do ano passado, o setor da Agropecuária apresentou crescimento pujante de 21,6%, sobretudo pela produção de grãos, como a soja e o milho.
O setor de Serviços é o de maior peso econômico, em razão de ser detentor de quase 70% do PIB nacional. Embora tenha apresentado crescimento de apenas 0,6% no trimestre inicial do ano, a sua importância relativa e sua capacidade propulsora da economia de irradiar efeitos positivos em diferentes níveis, especialmente pela geração de empregos, contribuiu também para a atividade econômica mais robusta.
Entre as atividades econômicas dos Serviços, foram destaques os “Transporte, armazenagem e correio” e “Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados”, com cada uma apresentando crescimento de 1,2% no 1º trimestre de 2023.
No mercado de trabalho, de janeiro a março de 2023, foram criados 526,1 mil empregos no Brasil, segundo apontam os dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. O setor de Serviços, com criação líquida de 329 mil vagas, foi o que mais criou emprego no primeiro trimestre do ano.
A inflação, que muito prejudica a atividade econômica, vem perdendo força nos últimos meses. O IPCA, indicador oficial da inflação no Brasil, no final de 2022 registrou 5,79%. No final de março, a inflação acumulada dos últimos doze meses, já marcava 4,65%,
sinalizando arrefecimento da dinâmica inflacionária, promovendo certo alívio no orçamento das famílias e nas margens de lucros dos empreendedores.
No setor externo é interessante ressaltar o comportamento do câmbio, haja vista ser vetor relevante na inflação e na realização de negócios do comércio exterior. Neste contexto, o dólar apresentou desvalorização no primeiro trimestre, o que ajudou, em certa medida, a conter a inflação.
Apesar da queda do dólar, o efeito esperado do avanço das importações não se concretizou. Na verdade, o que se verificou foi queda nas importações em 7,1% e uma leve queda de 0,4% nas exportações, o que acabou repercutindo positivamente no PIB pela ótica da demanda, na conta da balança comercial (diferença de exportações e importações).
A performance da economia cearense, no 1º trimestre de 2023, foi tratada na semana passada e pode ser acessada aqui.
Por fim, o resultado foi tão positivo de maneira que se a atividade econômica brasileira apresentar estabilidade nos próximos trimestres, o PIB terá crescimento de 2,4% no ano de 2023, em decorrência do efeito estatístico chamado de carry-over.
Grande abraço e até a próxima semana!
Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.