Uma apresentação histórica, digna do enredo centenário de grandeza de quem tanto desejou chegar na Copa Sul-Americana. Após 10 anos, a demonstração alvinegra foi de força ao continente. Na Arena Castelão, o Ceará honrou as próprias cores, a torcida, e representou o futebol brasileiro na vitória por 3 a 1 contra o Jorge Wilstermann, da Bolívia, na estreia da competição.
A sensação: uma grande atuação de um time robusto, com bons valores e identidade nesta quarta-feira (21). Acima de tudo, paciência para superar quem só quis se defender.
No aspecto do resultado, o placar é fundamental para seguir a caminhada internacional. No quesito do jogo, repertório para lidar com distintas situações. Assim, a Sula conheceu o Vozão.
A vitória alvinegra nasceu do fim de um mito: “o Ceará é reativo”. O técnico Guto Ferreira faliu essa ideia em 2021. O novo Ceará, de talento, joga com a bola, pressiona, é proativo e tem qualidade: seja da visão do atacante Stiven Mendoza ao posicionamento do zagueiro Messias.
O fortalecimento de todos os setores permite que, a depender do nível do rival, a estratégia seja agressiva. Foi assim nos 45 minutos iniciais. Na ocupação do espaço ofensivo, anulou o adversário. E a mesma postura permitiu os gols de Naressi, em arremate de longe, e Mendoza, de pênalti.
O placar de 2 a 0 era vantajoso, de fato. Mas poderia ser construído também com outro pênalti - esse não marcado em Mendoza - e nas finalizações de Vina, ambas freadas pelo goleiro Banegas.
A superioridade técnica existiu porque o Ceará buscou a imposição. Isso não anula a experiência do rival ou menospreza. Ao Vovô, um feito memorável, ao 3º principal time do país vizinho, uma nova participação. Por isso, a força mental foi trunfo.
O Ceará sofreu um gol aos 8 do 2º tempo, quando Patito Rodriguez foi derrubado por Mendoza - Osório converteu. Ali, a pressão e o volume mudaram de lado. E, sim, o Jorge Wilstermann criou.
O contraponto residiu no nervoso da estreia, fenômeno normal. O golpe foi acusado, mas não impediu a organização tática e a sequência de investidas. No fim, o decreto da vitória na velha estratégia da transição - artimanha não esquecida. Vina conseguiu a redenção.
A força mental permitiu a manutenção do foco para suportar os cenários e se reinventar, até renovar. E muito passa pelas entradas de Marlon e Saulo. As mudanças como um todo revigoraram o ímpeto na reta final. Um fruto da preparação e do investimento para o cenário histórico.
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