A manutenção da Taxa Selic era esperada pelo mercado, mas surpreendeu o tom duro utilizado no comunicado.
Acabou de acontecer a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e o órgão decidiu manter a Taxa Selic em 10,50% ao ano.
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A manutenção da taxa já era esperada pelo mercado. No entanto, houve grande surpresa com o tom mais crítico utilizado no comunicado, que sinalizou até mesmo possíveis aumentos no curto prazo caso o cenário econômico brasileiro não melhore.
O Boletim Focus mais recente ajustou para cima as projeções da inflação para os anos de 2024 e 2025. O mercado como um todo entende que a economia brasileira ainda não se recuperou dos efeitos da pandemia.
Há toda uma preocupação do Copom em tentar equilibrar o controle inflacionário com a necessidade de não frear a recuperação econômica. Já expliquei noutro artigo aqui na coluna como uma Selic alta desestimula investimentos em novos negócios.
Desde a última reunião, em que o ciclo de baixa da Selic foi interrompido, há uma preocupação constante do colegiado com essa relação entre a queda da Selic e o estímulo à economia. Com a inflação dando sinais de alta, o Copom fica de mãos atadas em poder baixar a Selic com segurança sem que isso cause um aumento da inflação.
A grande surpresa da decisão foi o tom duro do comunicado emitido pelo órgão.
Ele trouxe algumas ponderações mais críticas relacionados às incertezas quanto ao cumprimento do arcabouço fiscal pelo Governo ainda em 2024 - dadas como difíceis de serem cumpridas, e à desvalorização do nosso câmbio (o real desvalorizou quase 20% nos últimos 12 meses).
Até o fim do ano deve haver mais três reuniões do colegiado, e não foi descartada a possibilidade de aumento da Taxa Selic nesse período. Dado o cenário atual, é mais provável um aumento à uma redução da Selic no curtíssimo prazo.
A taxa Selic é fundamental para a economia do Brasil, influenciando os custos de empréstimos e retornos de investimentos. Com a Selic alta, o crédito se torna mais caro, o que desestimula o consumo e ajuda a controlar a inflação. Por outro lado, uma Selic baixa torna o crédito mais acessível, estimulando a economia.
Manter a Selic em 10,5% significa estabilidade nos custos de empréstimos, e os consumidores podem buscar melhores condições através de renegociação ou portabilidade.
Os investimentos de renda fixa, como títulos públicos e certos CDBs, terão rendimentos estáveis devido à manutenção da Selic. Isso proporciona uma fonte de renda previsível. Para compensar, os investidores podem considerar a diversificação com renda variável para potenciais ganhos maiores.
Com a Selic estável, surgem oportunidades na renda variável.
A volatilidade do mercado de ações e fundos imobiliários requer uma seleção criteriosa de ativos, focando em empresas sólidas e setores perenes possibilitar maiores retornos ao investidor sem que ele precise correr tantos riscos.
A decisão do Copom de manter a Selic em 10,5% traz um desafio os investidores a repensar suas estratégias. Com a Selic alta, a bolsa brasileia vem “andando de lado” há alguns anos, o que afastou muitos investidores da renda variável.
No entanto, em momentos assim, surgem oportunidades para aqueles que aceitam o risco de investir em ações e fundos imobiliários buscando maiores lucros.
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.