Quantos momentos olímpicos de grande aprendizado estes Jogos de Tóquio 2020 trouxeram para a humanidade. Pudemos assistir momentos de beleza e altruísmo e, como exemplos, temos: o episódio quando dois atletas dividiram a medalha de ouro no salto em altura, Essa Barshim, do Qatar, e Gianmarco Tamberi, da Itália - isso não acontecia há mais de 100 anos.
A demonstração humana da supercampeã Simone Biles, ao abrir mão de competir na maioria das provas nas quais estava classificada e inscrita na ginástica artística, pelo fato de não estar se sentindo bem mentalmente no momento, mas, no último minuto, na última prova feminina da ginástica em Tóquio, ela decidiu participar e conquistou um bronze.
Como não se emocionar com a holandesa Sifan Hassan, que caiu durante a corrida de 1.500 metros, levantou, ainda chegou em primeiro lugar, e conseguiu a classificação para a final, onde conquistou a medalha de ouro?
Veja também
São 11.000 atletas, aproximadamente, que participam destes Jogos, cada um com uma peculiaridade e sentimentos diversos. A vida dos atletas depende de boas lideranças, com membros da equipe bem capacitados e em sintonia, alguns treinadores dão o bom exemplo de como conduzir o atleta, com suavidade, humanidade, ao invés de dar “ordem”, dão tranquilidade e sugestões para guiá-los.
Depois deste meu breve resumo com a minha observação de momentos marcantes dos Jogos até agora, quero falar sobre o Mar e o seu simbolismo nestas Olimpíadas, sua relação com as/os brasileiras/os, que transborda abundância com suas águas que unem continentes.
No Brasil, a importância do oceano é mostrada através do tamanho da nossa costa, com quase 8.000 km de extensão, sem falar na sua exuberante beleza litorânea. As ondas que estouram por aqui fizeram grandes atletas, que conquistaram o ouro lá em Tóquio. Como a Ana Marcela Cunha, baiana que conquistou o ouro olímpico, tão sonhado, na maratona aquática esta semana, que, por 4 ciclos olímpicos, vinha perseguindo. Ela é um símbolo de resiliência e persistência.
Com amplas braçadas, venceu os 10km na Baía de Tóquio, com muita garra, isso foi possível devido ao intenso treinamento, dedicação e foco. O estado da Bahia tem a maior faixa litorânea do Brasil e foi lá que Ana Marcela começou a nadar, aos 7 anos. Ainda criança, aos 9 anos, competiu uma maratona aquática com adultos na Lagoa do Abaeté.
O que dizer do potiguar Italo Ferreira? Sem alarde ou holofotes, conquistou o primeiro ouro na estreia do surfe em olimpíadas, com muita destreza e simplicidade, com manobras aéreas sensacionais. Italo e Ana Marcela, com a sintonia da natureza, chegaram ao topo do Olimpo e representam o que o Brasil tem de melhor e estampam as manchetes de forma positiva pelo mundo.
A dupla bicampeã olímpica da vela, Martine Grael e Kahena Kunze, foi genial em sua estratégia final, saindo de um bronze para um ouro, as atletas fizeram um estudo das condições do mar um pouco antes do início da prova final, que foi fundamental para a conquista dourada, ao visualizarem uma corrente de água que saía de um rio e escoava no mar a seu favor. Trouxeram o ouro marítimo pelas águas do rio e pelo vento do Japão para o Brasil.
E na canoagem brasileira temos o baiano Isaquias, que conquistou 3 medalhas nos Jogos do Rio2016, 2 de prata e 1 de bronze. Em Tóquio, ele busca a medalha de ouro na disputa individual. A água do Canal Sea Foreste, onde a competição acontece, também é salgada, como a do mar, o que deixa a prova mais veloz.
Brasil do oceano Atlântico, Brasil das águas salgadas borbulhando o dourado reticente. Penso em como estes campeões do mar podem servir de exemplo para muitas áreas da nossa sociedade, cultivar o que nós temos, e não massacrar nossa terra e frutos, mas, sim, germinar e deixar crescer o que temos de dom e de bom para navegarmos pelas marés de forma suave.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.