O ídolo brasileiro foi sepultado em São Paulo no dia 5 de maio de 1994, mas a comoção foi em todo país
O dia 1º de maio marca o adeus de um dos maiores ídolos do esporte brasileiro: Ayrton Senna. Tricampeão da Fórmula 1, o piloto brasileiro se chocou com o carro da escuderia Williams, de forma fatal, contra uma barreira de concreto na antiga curva Tamburello, a mais de 300 km/h, em 1º de maio de 1994. São 30 anos da maior perda do esporte brasileiro.
Ídolo do automobilismo mundial e considerado um dos maiores nomes do esporte nacional, Ayrton Senna carregava uma legião de fãs, que ficaram órfãos após sua morte em 1994. A comoção pela perda do brasileiro foi uma das maiores já vistas no país, com milhares de pessoas nas ruas quando seu corpo chegou ao Brasil para seu enterro em São Paulo, no dia 5 de maio de 1994.
"Saudado por mais de 500 mil pessoas, o piloto rodou por 14 quilômetros, da Assembléia Legislativa, no Ibirapuera, até o Cemitério do Morumbi. O corpo foi conduzido por algumas das avenidas que Senna costumava percorrer
devagar, à noite, de carro, como forma de aliviar as tensões do cotidiano. Embora ainda triste e enlutada, São Paulo
amanheceu com o céu limpo, tingida de verde e amarelo. As 9h40min, quando o corpo foi conduzido ao carro do corpo
de bombeiros, o sol brilhava vigoroso, caças da FAB cortavam os fiapos de nuvens ralas e milhares de bandeiras do Brasil
eram agitadas pelas ruas", descreveu a publicação do Diário do Nordeste do dia 6 de maio de 1994.
E assim como em São Paulo, o todo país se despediu de Senna. Mesmo que de longe, e pela TV. Afinal, ele era um ídolo nacional que se foi tragicamente. O Diário do Nordeste publicou uma reportagem intitulada "Ultimo adeus emociona Fortaleza".
"O Centro de Fortaleza viveu ontem uma manhã diferente. Pouco movimento de carros e pessoas pelas ruas, principalmente a partir das 11 horas, horário da chegada do corpo do piloto Ayrton Senna ao cemitério do Morumbi, em São Paulo. As pessoas
queriam assistir ao funeral pela televisão e as lojas que vendem eletrodomésticos ficaram lotadas. Todos queriam "pegar uma carona nos aparelhos de TV ligados", decreveu o Diário do Nordeste.
"Porém, o local que concentrou os fãs do tricampeão mundial da Fórmula 1 foi a Praça do Ferreira. Lá eles tinham liberdade para expressar todo o sentimento pela morte do ídolo, resumido num misto de dor, indignação e saudade. Para muitos,
Senna foi mais "uma vítima" da Fórmula-1. Outros denunciavam que houve "sabotagem". Num ponto eram unânimes: o Senna não falhou. Alguns ficavam pensativos e apenas choravam".
Emoção
O local de maior concentração de fãs de Senna em Fortaleza foi na Praça do Ferreira, no Centro da Cidade. O Diário do Nordeste esteve presente durante a homenagem ao piloto brasileiro e descreveu com a seguinte reportagem.
"O Brasil perdeu um campeão, mas o céu ganhou uma estrela. Brilha, Senna". Escrito em letras tremidas com uma caneta porosa, numa folha de cartolina, o cartaz expressava a comoção coletiva das cerca de mil pessoas que compareceram ontem,
às 11 horas, à Praça do Ferreira, para dar o último adeus ao piloto Ayrton Senna.
A iniciativa da homenagem, que constou do toque de silêncio foi do Sistema Verdes Mares (SVM), com apoio do pelotão completo dos fuzileiros da 10a Companhia de Guardas do Ceará. A homenagem, segundo o major do Exército, Cézar Augusto de Sousa, só é concedida a chefes de estado, heróis nacionais ou militares e começou às 11 horas em ponto.
"Esta homenagem é uma maneira de agradecer a Senna pelos relevantes serviços que o piloto prestou à pátria
brasileira".
Crianças, jovens, adultos e idosos, não importava a idade. O que todos queriam era demonstrar carinho e tristeza pelo ídolo, cujos fãs tentavam a todo custo encontrar uma causa ou um culpado para sua morte.
Os cartazes, as caras-pintadas com o nome "Senna", o verde e -amarelo, ou o preto serviam para mostrar o que cada um queria dizer. A música também foi outra forma de linguagem utilizada, num "olêê, olê, olê, olá, Senna, Senna", que ecoou na Praça do Ferreira.
Quatro dos 40 homens do pelotão de fuzileiros da 10a Companhia de Guardas seguraram a Bandeira Nacional, enquanto outro executou o toque de silêncio. Em seguida as pessoas rezaram o Pai Nosso de mãos dadas, enquanto preferiram ficar de joelhos.