Nattan é acusado de capacitismo ao pagar R$ 1 mil para homem beijar mulher com nanismo em show em PE
A Associação Nanismo Brasil (Annabra) manifestou uma nota de repúdio contra o cantor
O cantor Nattan se envolveu em uma polêmica ao pagar R$ 1 mil para um homem beijar uma mulher com nanismo durante um show em São Lourenço da Mata (PE), no último sábado (2). Em um vídeo que circula nas redes sociais, o artista aparece chamando pessoas para subir no palco ao cantar a música "Pense em mim", de Leandro & Leonardo.
O que aconteceu
Logo depois, Nattan pega a mulher no braço, a joga para cima e a coloca em cima de um caixote. Durante a situação, ele convida homens para beijar a moça. A interação foi filmada e publicada pela equipe de Nattan, o que causou uma repercussão negativa e acusações de capacitismo contra o cantor. A Associação Nanismo Brasil (Annabra) manifestou uma nota de repúdio.
Após receber algumas negativas dos homens na plateia, o cantor chama um cinegrafista que trabalhava na transmissão do evento. "Ele pode até perder o emprego, mas os mil reais ele não perde", diz Nattan.
O rapaz sobe no palco e beija a mulher com nanismo, enquanto Nattan ri e registra a cena. No final, o homem leva a mulher nos braços para a parte de trás do palco.
O vídeo foi publicado no Instagram de Nattan com a legenda "BEBÊ REBORN saliente da gota", mas foi editada para "Casal saliente da gota".
Assista ao vídeo
Associação Nanismo Brasil emitiu nota de repúdio contra atitude do cantor
A Associação Nanismo Brasil (Annabra) manifestou repúdio contra o cantor por meio de nota e afirmou que irá acionar o Ministério Público "para que os desdobramentos legais cabíveis sejam apurados". Segundo a associação, Nattan expôs a mulher ao ridículo.
Para a Annabra, esse caso reforça o preconceito e a exposição da mulher com deficiência "em um ato de escárnio público fere não apenas a vítima direta, mas toda a nossa comunidade, que diariamente luta por respeito, acesso à saúde, educação e inclusão social".
"É importante deixar claro: o fato de uma pessoa com nanismo, em determinado momento, consentir ou participar de uma cena como essa não significa que toda a comunidade aceite ou ache engraçado. Normalizar este tipo de 'entretenimento' é abrir espaço para a perpetuação do preconceito e da violência simbólica, minando os avanços que temos conquistado com tanto esforço", diz trecho do comunicado.
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A associação ainda reforça que capacitismo é crime e "praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência" é passível de pena de um a três anos de reclusão e multa, e que, se a discriminação ocorrer por meio de meios de comunicação ou publicações, a punição pode chegar a cinco anos de reclusão e multa.
"A Annabra informa que vai se mobilizar e fará a denúncia, junto ao Ministério Público, para que os desdobramentos legais cabíveis sejam apurados. Não ficaremos calados. Fazemos um apelo à sociedade, à mídia e aos artistas: que usem seus espaços e talentos para promover respeito, inclusão e consciência, não para retroalimentar preconceitos históricos", afirmou.