Edson, da dupla com Hudson, relembra luta em UTI contra Covid-19: 'pedi para não ser intubado'

Cantor foi tratado pela médica Ludhmilla Hajjar e chegou a ter 75% do pulmão comprometido

Legenda: Conforme o sertanejo, a melhora veio por vontade de Deus, que lhe providenciou "mais uma chance".
Foto: reprodução/Instagram

O cantor Edson, da dupla com Hudson, recebeu alta do hospital no dia 15 de março, após um mês de internação por complicações da Covid-19. Voltando aos poucos à rotina normal, o sertanejo aproveita as chances de retomar a vida — ele diz ter ficado "bem perto" de morrer. As informações são do portal G1.

Com 75% do pulmão comprometido, o artista disse que fez um apelo à equipe médica: que a intubação fosse evitada ao máximo, "pelo amor de Deus". Edson tinha medo de não voltar a cantar caso a voz fosse prejudicada com o procedimento.

"Eu tinha essa preocupação, isso rondava muito a minha cabeça, eu pensava: será que eu não vou poder mais cantar para as pessoas?", revelou o sertanejo, frisando a resposta firme da profissional: "Ela olhou pra mim e falou: 'em três dias você vai levantar dessa cama'. Eu senti muita firmeza nela, e foi o que de fato aconteceu. Não fui intubado".

Cuidados de Ludhmila Hajjar

A "doutora" mencionada por Edson ficou em evidência recentemente: ela é a médica intensivista Ludhmila Hajjar, que recusou um convite feito pelo presidente Jair Bolsonaro para comandar o Ministério da Saúde. Para o cantor, ela é, "abaixo de Deus", a responsável pela sua cura.

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Tratamento

Após ser diagnosticado com o novo coronavírus, o músico Edson, de 46 anos, iniciou o tratamento em casa, em Indaiatuba (SP). No entanto, ele foi levado a uma unidade de saúde do próprio município no dia 3 de março.

No entanto, o estado de saúde do cantor se agravou, e o artista precisou ser transferido para o Hospital São Luiz, na capital paulista. Lá, ele ficou por cinco dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), até receber alta no dia 15 de março.

Antes de sair do hospital, ele chegou a cantar para a equipe de profissionais de saúde e a publicar postagens em seu perfil no Instagram, agradecendo o apoio e as orações. Ele ainda ficou em São Paulo por mais um dia antes de regressar ao município onde mora.

Momento mais difícil

De acordo com Edson, o momento mais difícil da internação foi quando ele precisou ser levado para a UTI. O pulmão, que tinha sido comprometido em 25% no início da doença, passou para 75% em poucos dias, o que preocupou os médicos.

O cantor, após ir ao leito da UTI, chegou a apresentar pressão de oito por cinco e quase teve uma parada cardíaca. "A máquina que aponta os batimentos do coração chegou a começar a apitar, aí a equipe que estava lá viu que eu ia chocar, me sacudiram e eu voltei. Foi por muito pouco", afirmou.

Ainda conforme o sertanejo, a melhora veio por vontade de Deus, que lhe providenciou "mais uma chance". "Eu aprendi que a gente não tem nenhum poder de escolher quando a gente vai morrer", atestou.

Após o susto, o cantor passou a usar uma máscara facial VNI, que ajuda na respiração e, em alguns casos, substitui a intubação, além de reagir bem aos medicamentos. Passados cinco dias de UTI, o cantor foi levado para o quarto, iniciou a fisioterapia e ficou ao aguardo de alta.

"Eu também dei sorte do meu corpo reagir bem. Infelizmente tem gente que não reage, a gente tem visto tanta gente morrer. Eu dei sorte e também fui obediente. Fiz tudo o que os médicos mandaram", frisou.

Primeiros sinais

O irmão de Hudson lembra que os primeiros sinais da Covid-19 apareceram após uma viagem à Bahia na companhia da esposa. Ao chegar, ele descobriu que algumas pessoas da família tinham testado positivo para o novo coronavírus, inclusive a filha, que não os acompanhou.
 
Conforme Edson, os sintomas foram dor de cabeça, falta de ar em abundância, febre forte, e perda de olfato e paladar. O cantor, mesmo após a esposa ter testado positivo, recebeu resultado negativo após o primeiro exame.

"Aí teve um dia que estava voltando de um barbeiro que eu vou em Limeira e tive uma dor nas costas e uma pontada no peito. Liguei para um médico amigo meu e ele falou: Edson, você está com Covid. Pode ir fazer o teste de novo. Eu fiz, deu positivo e depois surgiram todos esses outros sintomas"

Recuperação

O músico, agora recuperado, não faz mais tratamento fisioterápico nem tem sequelas da doença — o que permaneceu foram as vitaminas e o remédio anticoagulante.

Depois do tratamento, a voz de Edson ficou totalmente reservada. Semanalmente, o cantor realiza uma "batalha musical" em seu perfil no Instagram, na qual pede a seguidores que escolham a música a ser cantada por ele aos sábados. A confiança é tamanha que ele até brinca, dizendo que consegue cantar "Galopeira", de Chitãozinho e Xororó, cujo refrão é bastante esticado.

"Estou com fôlego. Já estou até cantando Galopeira. Estou cantando tudo, até no hospital eu puxei uma moda para os meus médicos. É o que eu amo fazer. Eu falo que Deus me capacitou pra isso, ele até me deixou mais gordinho e com bochecha pra poder ficar mais confortável pra alcançar as notas", brincou o cantor.

Apoio de sertanejos

Durante a internação e a recuperação, o cantor contou com o apoio de diversos artistas do segmento musical do qual faz parte. Entre os nomes, estão Zezé di Camargo, Chitãozinho, Zé Neto (da dupla com Cristiano), Gusttavo Lima e Rodolffo (da dupla com Israel), que estava no Big Brother Brasil (BBB) 21 — ele só soube da doença do amigo após deixar o reality show.

"Esse apoio é muito importante. Eu me senti muito acolhido. O Zezé, por exemplo, me ligava todos os dias. Foi muito bom saber da preocupação das pessoas", disse. Em razão disso, ele buscou a assessoria do ator Paulo Gustavo, atualmente internado com Covid-19, para oferecer solidariedade.

Ouça o podcast 'É Hit', com João Lima Neto: