Abandono escolar entre jovens de 15 a 17 anos é 8 vezes maior entre mais pobres
As regiões norte e nordeste têm índices piores do que a média nacional. Esse indicador de exclusão é também mais negativo na área rural (11,5%) do que na urbana (6,8%)
O abandono escolar é 8 vezes maior entre jovens pobres de 15 a 17 anos na comparação com os estudantes de melhor renda. Além disso, o percentual de jovens dessa faixa etária com atraso escolar é 4 vezes superior.
Ao dividir os jovens em cinco intervalos de renda, os 20% mais pobres tem uma taxa de exclusão de 11,8%. No quintil superior, dos 20% com melhor renda, essa taxa é de 1,4%.
A faixa etária de 15 a 17 anos é a ideal para o ensino médio. Os recortes estão na Síntese de Indicadores Sociais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia a e Estatística), divulgada nesta quarta-feira (6). O estudo reúne vários dados, como os extraídos da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua de 2018.
Na média do Brasil, 7,6% dos jovens de 15 a 17 anos não frequentam a escola e não haviam concluído o ensino médio. Esse percentual equivale a 737 mil jovens. O ensino médio tem sido apontado como um dos grandes gargalos da educação básica, mas a maioria dos jovens fora da escola (65%) abandonou os estudos antes de completar o ensino fundamental. Os dados do IBGE mostram, ainda, grandes desigualdades de acordo com o perfil dos jovens.
As regiões norte e nordeste têm índices piores do que a média nacional. Esse indicador de exclusão é também mais negativo na área rural (11,5%) do que na urbana (6,8%).
O abandono escolar é um dos maiores entraves educacionais do país. Ele tem forte relação com as altas taxas de reprovação: o aluno que repete tem maior chance de deixar a escola futuramente.
Dois de cada dez estudantes de 15 a 17 anos estão atrasados em todo país. Não chegaram, portanto, ao ensino médio. Mas também essa realidade varia de acordo com renda, região e cor de pele.
Dos jovens mais pobres de 15 a 17 anos, e que estão na escola, 33,6% ainda não concluíram o 9º ano. O percentual é de 8,6% no outro extremo de renda. A desadequação idade-série atinge 17,4% dos estudantes brancos. Chega, por outro lado, a 26,7% entre alunos negros.
A diferença entre jovens de acordo com perfil de renda é bastante elevada também quando analisados o grupo com idades entre 18 e 24 anos. A idade é adequada para o ensino superior.
De acordo com o IBGE, somente 7,4% dos jovens pobres dessa faixa etária estão na universidade. Entre os mais ricos, o percentual é de 63,2%. Essa diferença é de 8 vezes. Também aqui o recorte adotado é entre os 20% mais pobres e os 20% mais ricos dessa população.
A presença de brancos na universidade é o dobro da de negros. Enquanto 36,1% dos jovens brancos de 18 a 24 anos estão no ensino superior, somente 18,3% dos pretos e pardos desse intervalo de idade vivem essa realidade.
Apesar dos dados negativos, a escolaridade da população brasileira vem aumentando. Em 2012, por exemplo, 52% dos jovens de 19 anos haviam concluído o ensino médio. Atualmente, eles representam 64%, segundo o Anuário Brasileiro da Educação Básica, do Movimento Todos Pela Educação e que também utiliza dados da PNAD.
O estudo do IBGE ressalta, no entanto, que "esse avanço ainda não foi suficiente para nos aproximar" de outros países. O instituto utiliza nesta publicação o recorte de idades entre 25 e 64 anos. Nos países que compõem a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), 21,8% das pessoas dessa faixa etária não concluíram o ensino médio. A taxa do Brasil é de 49%.