Mania de macaquear

Não é novidade o fato de que há tempos as palavras e expressões em língua estrangeira - notadamente inglesa - invadiram o cotidiano dos brasileiros. Essa subserviência linguística está aí, presente nas denominações de sofisticados edifícios, de lojas reluzentes e até mesmo nas relações comerciais entre os cidadãos.

A língua portuguesa - "a última flor do Lácio, inculta e bela", como diria Olavo Bilac (1865-1918) - diariamente é aviltada por invenções que, por absoluta ignorância ou falta de criatividade, acabam por atingir o idioma nacional, abalando suas estruturas e tornando-o estranho aos próprios brasileiros que deveriam exercitá-lo com orgulho, dada a riqueza de seu conteúdo.

Não foi por outra razão que o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP), alagoano de nascimento, apresentou projeto na Câmara, buscando reduzir a influência dos estrangeirismos no país. Por causa disso, o hoje ministro dos Esportes foi até ridicularizado por setores da imprensa, onde o colonialismo cultural encontra portas mais do que escancaradas. A mania de macaquear expressões e palavras alienígenas, totalmente avessas à lingua nacional, encontra exemplos no dia-a-dia de todos nós.

O intervalo para o café, nas reuniões, virou coffee-break. A entrega em domicílio, delivery. Um estabelecimento comercial não oferece mais 10% de desconto e, sim, 10% off. Há prédios, em Fortaleza, com nomes como The Place ou Green Tower, ou coisa que os valha. E a mais recente mudança imposta nos nossos limites geográficos é a mudança na denominação dos estádios de futebol, cujos nomes agora, por influência da Fifa, procuram copiar as arenas, stadiums e coliseums, como assim são chamados esses locais nos EUA.

Aqui sempre tivemos estádios, e nunca arenas, palavra que remete aos sangrentos sacrifícios humanos praticados na antiga Roma. Até mesmo a imprensa vem se rendendo à tal Arena Castelão, que, mesmo repaginada para a Copa, continuará sendo, para mim e tantos outros, o estádio Castelão. Respeitemos o português tão rico de palavras! Valorizemos nosso idioma, procurando praticá-lo corretamente! Defendamos a língua portuguesa!

Gilson Barbosa
jornalista