A Secretaria de Segurança Pública de Sergipe (SSP/SE) confirmou, na manhã dessa quinta-feira (28), que o corpo encontrado na geladeira de um apartamento em Aracaju é do advogado e jornalista Celso Adão Portella. Em avançado estado de decomposição, o corpo foi achado em uma mala escondida no eletrodoméstico, no último dia 20.
Segundo o G1, as autoridades levaram em consideração informações de prontuários clínicos e hospitalares, além de uma prótese que Celso possuía, para confirmar a identidade da vítima.
No imóvel em que o corpo foi encontrado, investigadores também acharam documentos de Celso. Durante a apuração policial, foram ouvidos três filhos da vítima, que moram no Rio Grande do Sul.
Por enquanto, especialistas do Instituto Médico Legal (IML) seguem analisando o que provocou a morte e como o corpo foi conservado sem levantar suspeitas.
“Temos que responder sobre o processo de conservação porque a grande dúvida da sociedade é como aquele corpo chegou naquele estágio de decomposição e não foi percebido pelos vizinhos”, explicou Victor Barros, diretor do instituto.
ENTENDA O CASO
Cumprindo uma ordem de despejo no apartamento, um oficial de Justiça e um homem contratado para retirar os móveis do local encontraram o corpo ao tentar mover a geladeira. "Pegamos objetos menores, mas quando fomos pegar a geladeira, que estava amarrada com uma corda, estranhamos o peso. Quando abrimos a geladeira, havia a mala, e, dentro da mala, o corpo de um homem", revelou o profissional.
Com a descoberta, uma equipe da Polícia Militar foi até a residência, onde encontrou uma mulher ferida, de 37 anos, e a filha dela, de 4. Segundo vizinhos, a mulher teria atentato contra a própria vida ao saber que seria despejada.
Até o momento, a mulher, que afirma ter sido companheira da vítima, é a principal suspeita do caso. Em depoimento, ela, que se identificou como técnica de enfermagem, disse ter encontrado o parceiro morto na residência ao voltar do trabalho, em 2016. Com medo do que poderiam pensar sobre a morte de Celso, ela decidiu esconder o corpo na geladeira.
A filha da técnica foi recolhida pelo Conselho Tutelar e encaminhada para a casa de familiares. Segundo a acusada, a criança não é filha de Celso, mas de um homem que, atualmente, mora no exterior. A menina não tem registro do pai.
Acusada de ocultação de cadáver e maus-tratos contra a criança, já que o apartamento em que moravam estava em situação de insalubridade, a mulher está no Hospital de Custódia, recebendo tratamento psiquiátrico.
Em 45 dias, a unidade de saúde deverá emitir um novo laudo sobre seu quadro de saúde, que será remetido à Justiça.
QUEM ERA A VÍTIMA?
Nascido em Ijuí, município do Rio Grande do Sul, Celso Portella construiu a vida na capital, Porto Alegre. O advogado só deixou a Cidade em 2001, quando se mudou para o Espírito Santo após a morte da mãe.
Pai de quatro filhos e membro de uma família de 12 irmãos, não mantinha muito contato com os parentes. Os filhos, inclusive, afirmam que ele não “dava notícias” e nem tentava se comunicar, desencorajando os herdeiros a tentarem manter contato.
O advogado voltou para Sergipe após convite da Universidade Tiradentes, onde atuou como professor e coordenador do curso de direito do Campus de Propriá, entre os anos de 2005 e 2008.