Morador encontra bilhete com ofensas racistas em condomínio no RN: 'negro fedorento'

A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o caso em São Gonçalo de Amarante

Legenda: Bilhete foi direcionado a Alan, que saía de casa com a esposa e o filho no momento em que encontrou as ofensas
Foto: Arquivo pessoal/imagem cedida

O empreendedor Alan Batista, de 33 anos, se chocou ao encontrar um bilhete com ofensas racistas contra ele no carro de sua família em um condomínio em São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Natal. Ele saía de casa, acompanhado do filho de sete anos e da esposa, no último dia 1º de outubro, quando viu o papel com xingamentos como "negro fedorento", "bicho preto" e "preto horroroso". 

"No momento veio o choque, veio uma dor interna. Eu fiquei extremamente triste, sem saber o que falar para o meu filho, que estava ao meu lado. Tocou muito", disse Alan Batista, em vídeo divulgado. 

A esposa, Renata Janielly, contou ao Diário do Nordeste que eles foram surpreendidos ao descer para pegar o carro e ir a um passeio de domingo. Eles inicialmente pensaram que era brincadeira do filho, mas depois se depararam com o conteúdo. 

Ele e a esposa procuraram o síndico para relatar o racismo, mas foram informados que as câmeras de segurança do prédio estavam quebrados e que não teria como identificar os autores. Renata conta que ela entrou no grupo do prédio pedindo explicações e falou que o filho deles ficou "muito triste" de ver o pai dele naquela situação. 

O casal então fez um Boletim de Ocorrência (B.O) na Delegacia de São Gonçalo do Amarante, e a Polícia Civil abriu um inquérito para investigar. 

'Esperamos justiça' 

A mulher relata ainda que o espera Justiça pelo caso contra seu marido. Ela chega a relatar que está com medo de deixar seu filho andando sozinho no condomínio, enquanto a pessoa não foi identificada. 

Ainda segundo Renata, as autoridades policiais já possuem um suspeito, que anteriormente já havia causado problemas por preconceito racial com condôminos, mas a investigação continua em andamento. 

"Eu quero que a justiça seja feita. Vai ter a justiça de Deus, mas eu quero também que tenha a justiça dos homens aqui na Terra. Que cheguem junto e que não deixem esse caso ser um descaso. O culpado vai ter que ser punido, não pode ficar assim. Se cada um de nós, negros, colocar a cara a tapa e reivindicar nossos direitos, a gente vai combatendo [o racismo]. Não vai ser a última vez, então temos que estar fortes", desabafa Alan.