Marcelo da Silva, 40, réu confesso do assassinato da menina Beatriz Angélica Mota, 7 anos, em 2015, se disse arrependido da monstruosidade que fez, quer pagar pelo crime e pedir perdão para a mãe da vítima. A versão foi apresentada por Nieja Mônica da Silva, advogada do réu, ao Fantástico na noite deste domingo (16).
Ao longo da investigação, Marcelo acabou sendo identificado por uma análise de DNA realizada na faca encontrada no tórax da criança, após 42 golpes. De acordo com a defesa do réu, ele chora sempre que fala sobre o assassinado e deseja pagar pelo crime que cometeu.
"Ele disse que foi de uma monstruosidade muito grande e quer pagar pelo que fez", aponta a Niedja Mônica. "Ele disse que quer ver a mãe [da menina] para pedir perdão", afirma a advogada, ao se referir a Lucinha Mota.
Ainda segundo a defesa, depois que Marcelo viu o drama da mãe, ele disse que quis fazer a confissão para “aliviar o coração dela, para ficar em paz”, aponta.
Niedja Mônica da Silva assumiu o caso após ter sido procurada por parentes de Marcelo. "Como ele é réu confesso, eu estou aqui para fazer com que a lei seja cumprida. O meu compromisso é com o processo", disse ela.
"A gente aqui está para defender os direitos. Como ele repetiu as mesmas coisas duas vezes, creio realmente que foi ele quem fez", aponta a defesa.
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Somente após os pais da menina percorrerem a pé a distância entre Petrolina e Recife em 15 dias para pedir justiça e depois de seis anos do homicídio, é que a autoria foi anunciada.
Marcelo está preso desde 2017 por outros casos, nos quais é acusado de estupro de vulnerável, ameaça e cárcere privado. Na última quinta-feira (13), ele foi transferido para um presídio na Grande Recife e colocado em uma "cela disciplina" vigiada por agentes do Grupo de Operações e Segurança.
Ainda de acordo com o Fantástico, só foi possível esclarecer o caso depois que os peritos coletaram o DNA no cabo da faca e encontraram amostras do sangue do autor misturadas ao de Beatriz.
A demora pelo uso do DNA como esclarecimento do assassinato foi justificada pela ex-gerente da Polícia Científica, Sandra Santos — que chefiou a corporação durante as investigações—, e deixou o cargo um pouco antes do anúncio da autoria.
O uso do DNA no esclarecimento do assassinato só teria sido possível, ainda segundo ela, agora porque, na época do crime, o estado de Pernambuco não teria a estrutura adequada para o exame.
Ainda no Fantástico, a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco informou que Marcelo da Silva disse ter entrado no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora para conseguir dinheiro.
Ele usava uma faca como defesa e era seria morador de rua. A advogada do réu disse que ele admitiu que, ao vê-lo, a menina Beatriz se desesperou e, para silenciá-la, a teria esfaqueado. Para os pais de Beatriz, a motivação apontada "não convence" porque o colégio possui rígidos protocolos de segurança.