Sabores em alta
Renan Melo de Aguiar relata a trajetória de sucesso da Gelateria San Paolo.
“O que você quer ser quando crescer?”. Quando o empreendedor Renan Melo de Aguiar escutava esse tipo de pergunta, já sabia o que responder: “quero ser dono de qualquer coisa”, respondia, na época em que não sabia nem o que era empreendedorismo. O desejo de ter o próprio negócio tornou-se realidade ainda bem jovem e revelou-se promissor quando, aos 23 anos, fundou a primeira gelateria de Fortaleza.
Nessa jornada empreendedora, Renan Melo de Aguiar contou com a parceria da esposa Renata Aguiar, namorada na época em que a ideia do negócio surgiu. “Fiz uma viagem com a Renata para os Estados Unidos, em 2011, e lá nós conhecemos uma sorveteria americana, a Cold Stone, que trabalha com a pedra gelada. Isso chamou muito nossa atenção, pois era um negócio em potencial”, recorda Renan. A ideia voltou para Fortaleza e foi concretizada em 2012 com a Gelateria San Paolo, aberta na Rua Ana Bilhar, no bairro Aldeota. “Os primeiros dias ‘explodiu’. A fila dava volta no quarteirão e nós vimos que tínhamos um bom negócio na mão”, conta.
Sem esperar tamanho sucesso do produto, o casal de empreendedores teve que convocar a família para ajudar no atendimento. O sucesso, para o administrador, se devia à qualidade do produto, somado a um mercado de oportunidade, com apenas um concorrente. “O gelato tem um teor de açúcar e gordura mais baixo que o sorvete. Isso se traduz para o cliente em um sabor mais intenso, porque sobressai o sabor em si do gelato. A questão da textura e da cremosidade, você nota que ele é bem mais cremoso, bem mais atraente que o sorvete”, compara.
Além de ser a primeira gelateria, como informa Renan Melo de Aguiar, a San Paolo trouxe a novidade da pedra gelada, que atraiu muitos clientes para a inovação. "Trouxemos um produto de qualidade com a inovação da pedra”, destaca. O resultado foi além das expectativas. “A nossa lojinha era muito pequena. E superou 20 vezes a nossa expectativa”, confessa o empresário.
Diferencial
Com 27 lojas no Ceará e em mais seis Estados, a San Paolo é muitas vezes confundia como franquia de fora. O que, na visão do dono, é uma percepção positiva. “É bom, porque vemos que estamos fazendo um negócio de qualidade. Todo mundo se surpreende quando se diz que a marca fomos nós que criamos”, comenta.
A criatividade da marca está também na produção. Todos os sabores são criados pela própria empresa. “Quem cuida da produção é a Renata, que dá o seu toque de sabor. Ela criou vários sabores que são a nossa cara, por exemplo, o de Leite Ninho, que é o produto mais vendido”, destaca o empresário.
A regionalização do sabor também é um dos diferenciais. Ingredientes e alimentos que fazem parte da cultura gastronômica de cada cidade estão no cardápio da San Paolo. Em Recife, por exemplo, tem o gelato de bolo de rolo. Em São Paulo, o de paçoca.
Além da variedade, os produtos são feitos em cada uma das lojas, o que garante a qualidade do gelato. “Não temos uma fábrica para distribuir o produto. Ele é feito localmente em todas as lojas, de modo que é servido fresco e artesanal para o cliente”, afirma.
Inovação constante
Certos produtos chegam ao mercado cearense com um grande estouro, mas quando o frisson da novidade esfria, alguns negócios acabam fechando. Esse receio até foi sentido pelos empreendedores da San Paolo, mas viram que o gelato não era apenas mais um produto da moda. “Como nosso produto é o gelato e o brasileiro tem a cultura de tomar sorvete, não é um produto novo, como era a paleta e o frozen”, compara. “O gelato está mais na nossa cultura”, argumenta Renan Melo de Aguiar.
Não basta a confiança no produto, é preciso estar sempre inovando. “Todo mês, lançamos três novos sabores para sempre ter uma novidade. Essa inovação constante também ajuda a fidelizar o cliente”, diz o gestor. Envolver a equipe também faz parte desse trabalho. “Eu sempre falo para nossa turma aqui sobre dois pontos: disciplina e fazer bem feito todos os dias, não deixando a motivação cair”, ensina Renan, que lidera um quadro de 320 colaboradores.
Vida de empreendedor
Abrir um negócio ainda bem jovem, como fizeram Renan e Renata, pode facilitar e até ser mais desafiador, em algumas situações. Para eles, com a juventude e a inexperiência vieram a pouca noção de riscos e o impulso de fazer o projeto acontecer. “E atrapalhou, porque as pessoas não nos levavam a sério. Achavam que o negócio era dos nossos pais, que não tínhamos dinheiro nem capacidade”, conta Renan.
A determinação dos jovens foi posta à prova na hora de pedir financiamento, que só foi aprovado após longa espera e burocracia. “Quando fui assinar, o gerente não acreditava que era eu que ia assinar e pediu minha identidade para saber se meu nome estava igual ao que estava no contrato. Ele acabou virando nosso cliente depois”, conta o empresário, entre risos.
Com a experiência e os erros, vêm os inúmeros aprendizados da vida de empreendedor. “Sempre que erramos, buscamos refletir muito sobre esse erro para evitar repeti-lo. Mas errar é natural, ainda mais para nós, que começamos muito novos, sem experiência, sem capital”. E para quem está iniciando essa jornada, Renan Melo de Aguiar deixa um conselho: “Você precisa fazer. Se não fizer, não vai acertar, mas também não vai errar. O empreendedor que para muito, faz muito planejamento, muita conta, muito estudo, não vai para frente. Lógico que não dá para fazer tudo sem planejar. Mas você tem que começar, tem que colocar o projeto em prática”, sugere.