Câncer de próstata: prevenção e tecnologia reduzem riscos para os pacientes

Segundo tipo mais comum de câncer em homens, a doença se manifesta de forma silenciosa em estágios iniciais. Campanhas como o Novembro Azul auxiliam no incentivo à prevenção

Legenda: Os exames regulares, de toque e PSA, podem começar a ser feitos a partir dos 45 anos
Foto: Pixel-Shot/Shutterstock

Com estimativa de mais de 65 mil novos casos no Brasil até o fim de 2020, de acordo com projeções do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de próstata é considerado uma doença da terceira idade, com 75% dos casos sendo detectados em pacientes acima dos 65 anos. Por ser o segundo tipo de câncer mais comum em homens, a conscientização sobre avaliações feitas de forma regular auxilia a reduzir o número de casos graves detectados. 

A doença é caracterizada pelo surgimento de tumores na próstata, glândula responsável pela produção do líquido prostático, um dos componentes do sêmen. Está situada na região abaixo da bexiga e à frente do reto. Até setembro de 2020, o número de óbitos registrados no Ceará em decorrência do câncer de próstata foi de 471, informa a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Em 2019, foram 657 durante todo o ano. De acordo com Raphael Bezerra, médico urologista e cirurgião robótico, o câncer de próstata é assintomático nos estágios iniciais. A partir de períodos mais avançados, surgem sintomas como obstrução urinária, esforço para urinar e sangue na urina. Quando o câncer entra em metástase, ou seja, quando a doença se espalha para outras partes do corpo, o paciente pode sentir dores ósseas.  

Em média, os exames para detecção do câncer de próstata começam a ser solicitados pelos médicos quando os pacientes chegam na casa dos 50 anos. Caso haja histórico familiar da doença em pais, avôs, tios, irmãos, ou o paciente seja negro, já podem ser realizados exames a partir dos 45 anos. Na rede pública cearense de atendimento, os pacientes são encaminhados para especialistas após consultas com médicos generalistas em postos de saúde, por meio da Central de Regulação do Estado.

Dois exames são utilizados para auxiliar na detecção do câncer de próstata: o de toque retal e o Antígeno Prostático Específico (PSA), feito a partir do sangue do paciente. A realização de ambos é importante, pois há a possibilidade de que alguns sinais não estejam evidentes em um primeiro momento. A partir da combinação dos resultados e de outros eventuais exames é que ocorre a solicitação para uma biópsia da próstata, na qual é informado o diagnóstico positivo ou negativo da doença, explica Raphael. 

Por ser um órgão componente do sistema reprodutor masculino, caso a próstata seja removida, o paciente ficará infértil. Em algumas situações, pacientes podem sofrer de incontinência urinária e impotência. 

No caso do vendedor ambulante Luís da Silva, de 63 anos, os primeiros sinais surgiram após perceber dores ao urinar, em 2016. A doença foi diagnosticada por meio de uma biópsia. Sobre a cirurgia, Luís relata que ficou “sem nenhuma sequela, não senti nada”. Após o procedimento, o vendedor passou quatro meses em casa se recuperando, realizando caminhadas de cerca de 1km por dia para se manter ativo. 

Desde a realização da cirurgia, Luís segue sem sinais de retorno do câncer, com acompanhamento anual com o urologista. Para 2021, o vendedor espera receber alta total. 

Acerca do preconceito dos pacientes em realizar o exame de toque, Raphael conta ser mais comum em pacientes idosos. “Pacientes que estão chegando nos 50 anos, os pacientes mais jovens e até pacientes antes da idade, depois dos 40, já chegam solicitando a avaliação da próstata. Essa divulgação está sendo importante, a campanha (Novembro Azul) está sendo positiva, é promissora, tende nas próximas gerações esse preconceito chegar perto de zero.” 

Em paralelo com os exames para tratamento da próstata, o urologista destaca que, durante o mês de novembro, quando há crescimento no número de homens nos consultórios, outros exames de rotina são realizados, como pressão, diabetes, colesterol e tireoide. 

Desenvolvimento tecnológico

Já presente na rede de atendimento de Fortaleza há alguns anos, a realização de cirurgia para remoção da próstata com uso de robôs auxilia a trazer resultados mais positivos para os pacientes. “É uma técnica já difundida e com bons resultados em Fortaleza. Ele (o robô) nos agrega um refinamento do movimento, não faz nenhum sozinho, pelo contrário. Ele só se mexe quando a gente está acoplado ao robô, quando nossa cabeça está dentro do console”, explica Raphael. Assim, eventuais tremores na mão dos médicos não são transmitidos pelo equipamento. Entre os benefícios trazidos pela prática, estão a redução no número de sangramentos, taxas de incontinência e impotência no pós-operatório. 

Além da robótica, Raphael também elenca a modernização das máquinas de radioterapia e da indústria farmacêutica, com medicamentos que realizam um controle eficaz da doença. “Talvez o câncer de próstata seja uma das doenças bem estudadas hoje em dia.” 

Onde procurar atendimento?

No Estado, a rede básica de atendimento realiza o encaminhamento para médicos especialistas, caso o paciente esteja no perfil de risco. 

O tratamento é realizado, em Fortaleza, nos seguintes hospitais: Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Hospital Geral Dr. César Cals, Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar (HMJMA), Santa Casa de Misericórdia, Instituto do Câncer do Ceará (ICC). 

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