Natureza de perto
Conheça alguns benefícios do contato com a natureza, bem como dicas para ter plantas em casa, e saiba mais sobre o urban jungle, tendência recente no paisagismo.
Com o ritmo incessante nas cidades aliado aos altos níveis de degradação ambiental, a cada dia as pessoas têm procurado maior contato com a natureza, afirma o engenheiro agrônomo, mestre em Agronomia e Doutor em Biotecnologia Itamar Frota. “Cuidar de plantas é uma terapia, melhora a qualidade de vida das pessoas, é coadjuvante de tratamento de doenças como a depressão. O resto é aproveitar e curtir sua ‘floresta particular’ organizada”, defende o profissional, que é também especialista em Arquitetura de Interiores e Paisagismo e docente do Centro Universitário Estácio do Ceará.
É ele quem comenta a importância do contato com a natureza e quem dá dicas para o cultivo de plantas mesmo em apartamentos, afinal isso já virou tendência e tem nome próprio: urban jungle.
Paisagismo em apartamentos
Itamar Frota diz que nos grandes centros urbanos, os espaços livres públicos ou privados arborizados e ajardinados têm sido uma boa opção para as pessoas que querem cultivar um contato com a natureza. “Esses espaços são cruciais para a qualidade de vida, tendo em vista que a vegetação proporciona vários benefícios, dentre eles: purificação do ar; absorção/retenção das águas no solo/subsolo, reabastecendo o lençol freático; diminuição de efeitos conhecidos em grandes metrópoles, como a inversão térmica; geração de sombra, no caso das árvores, e consequente diminuição de altas temperaturas com a geração de microclima tão importante para cidades como Fortaleza”, ensina o profissional.
Além disso, a vegetação enquanto parte integrante da paisagem possui várias características interessantes que podem ser utilizadas em um bom projeto paisagístico, a exemplo de cores, texturas, aromas, sabores e sensações. As plantas são extremamente versáteis como principal elemento estruturador da paisagem. Por serem vivas - e devem ser tratadas como tal -, necessitam de cuidados: nutrição, rega, cuidados com pragas e doenças, dentre outros tratos culturais necessários para que se desenvolvam fortes e, assim, demonstrem seu potencial ornamental, lembra o professor.
Urban jungle
Itamar Frota tem acompanhado uma tendência recente denominada urban jungle ou florestas urbanas, na tradução do termo. Nelas as pessoas utilizam várias estratégias para transformar seus espaços, mesmo que minimalistas, em verdadeiras miniflorestas. E o fazem com jardins verticais, vasos, treliças, jardineiras, cultivando inclusive minifruteiras e hortas, conta o engenheiro.
É possível realizar o sonho de ter essa “minifloresta” em casa escolhendo a planta certa para o local adequado. Na coluna ao fim do texto, exemplos de plantas ornamentais mais indicadas para cada espaço, conforme a incidência de luz solar que a área recebe.
Mais uma dica de Itamar Frota: cuidado com o uso excessivo de grama, pois ela é muito exigente em água. “Criamos paisagens para atender nossas necessidades e serem funcionais, mas também sustentáveis ok?”.
Plantas ideais
No momento da escolha, é importante saber em qual ambiente a vegetação será locada. Um erro comum é considerar simplesmente o fator estético, desconsiderando que cada planta tem suas exigências. É necessário também traçar o perfil das pessoas que irão utilizar esses espaços para atender as necessidades delas e não trazer futuras consequências pela escolha equivocada, frisa o engenheiro agrônomo.
Ele sugere a escolha de espécies que não tenham princípios tóxicos nem sejam agressivas a pessoas idosas, crianças e animais de estimação, por exemplo, como seria o caso de plantas que possuem espinhos.
Para apartamentos, há algumas restrições quanto à incidência solar, pois em interiores podemos utilizar, na maioria das vezes, plantas de sombra, isto é, aquelas que se adaptam à falta de incidência direta dos raios solares. Já em varandas que em boa parte do dia recebam luz solar direta, as plantas de sol são as indicadas. Elas necessitam pelo menos cinco horas de sol pleno. E, finalmente, as plantas de meia sombra devem ser colocadas em locais que recebem incidência solar em parte da manhã e no restante do dia muita claridade. Portanto, é necessário mapear as sombras durante o dia nos ambientes onde se cultivará a vegetação.
Outra observação é ter cuidado ao adquirir plantas que não se adequam ao nosso clima. “É comum observarmos clientes comprarem espécies que duram ‘duas semanas’. Geralmente são plantas oriundas de regiões com características climáticas de clima ameno, ou seja, diferentes de Fortaleza. O melhor é sempre valorizar e cultivar espécies adequadas e, se possível, nativas, sempre adquiridas de viveiristas credenciados e idôneos”, destaca Itamar Frota.
Espécies
Plantas de sombra
Pacová (Philodendron martinanum Engl);
Zamioculcas (Zamia zamiifolia);
Asplênio (Asplenium nidus);
Aglaonemas (Aglaonema SP);
Palmeira Licuala (Licuala grandis);
Clorofito (Chlorophytum comosum (Thunb.) Jacques).
Meia sombra
Marantas em geral, como Calathea zebrina (Sims) Lindl) e Cnanthe oppenheimiana E. Morren K Schum;
Palmeiras Ráfis (Raphis excelsa Thunb.) A.Henry ex Rehder);
Pleomele (Dracaena reflexa Lam.);
Zebrina (Tradescantia zebrina Heynh.);
Samambaias (Nephrolepis exaltata (L.) Schott);
Dracena arbórea (Dracaena arbórea);
Filodendendros (Philodendron SP.), em sua maioria meia sombra.
Sol pleno
Lantanas (Lantana camara);
Bela Emília (Plumbago auriculata Lam);
Chuveirinho (Russelia equisetiformis);
Fruteiras e hortaliças em geral;
No caso das plantas de sol, existem muitas opções das mais diversas tipologias, árvores, arbustos, forração, trepadeiras, etc.