Compostagem doméstica

Confira orientações para realizar esse processo em casa.

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Restos de comida das refeições diárias, sobras e aparas de vegetais, frutas e verduras que começaram a apodrecer e casca de ovo são exemplos de materiais que podem ser muito melhor aproveitados ao invés de serem simplesmente jogados no lixo comum. Eles podem virar adubo, por exemplo, para as plantas que você tem no jardim, bastando realizar a compostagem.

“Ter compostagem em casa é entender todos os processos naturais como cíclicos, e isso começa a mudar até mesmo a forma como você vê o mundo, inclusive seu consumo, tanto alimentar como de produtos e serviços. Isso é como se fosse uma sementinha para mudar os seus hábitos”, defende o biólogo Bruno Flor, mais conhecido como Seu Flor. Ele diz que o material orgânico proveniente da compostagem pode voltar à natureza em forma de adubo, como proteção do solo ou como condicionamento do solo.

Dicas para composteira
“A compostagem é feita normalmente em composteiras. Elas têm vários tamanhos e tipos, desde as industriais – que são composteiras gigantes, em locais abertos, normalmente, e que produzem muito gás, calor e matéria orgânica no final desse processo – às composteiras domésticas”, explica Seu Flor, biólogo criador da marca Jardim do Seu Flor, que trabalha principalmente dando cursos e vendendo artes botânicas.

Para ter uma composteira doméstica, é possível comprar uma pronta ou confeccionar uma. Na opinião de Seu Flor, a pronta acaba sendo mais um produto que deve virar lixo no futuro. “É muito cômoda e é vendida em vários locais. Mas não tem todo aquele processo de reutilizar os materiais, que é o objetivo principal da compostagem. Então aconselho fazer uma composteira em casa, que terá a mesma função e a mesma comodidade de uma comprada feita”, recomenda o profissional. Ele ensina que uma composteira de 20 litros é suficiente para uma casa onde moram três pessoas.

Faça você mesmo
Aos que preferirem confeccionar o equipamento, Seu Flor comenta que há diversos tutoriais disponíveis na internet. “O mais básico sobre isso são as três caixas ou os três baldes. Um balde de cerca de cinco litros já é suficiente para uma casa com duas pessoas. Então você consegue produzir seu próprio adubo dentro de casa. A pessoa tem que pesquisar bastante e entender mais ou menos o que é melhor para ela e com qual tipo de composteira ela se sente mais à vontade”, pontua.

O ambiente onde a composteira será colocada também afeta em como ela será, como deve ser cuidada e como vai ser o processo. No Nordeste, por exemplo, que é uma região mais quente e tem um processo de atividade biológica alto, devido ao calor e à umidade (que aumenta nas épocas mais chuvosas), o produto final da composteira costuma ficar pronto entre 30 e 50 dias, detalha o biólogo.

“Temperatura alta com umidade relativamente alta ajuda no processo biológico de degradação da composteira, a qual deve sair bem rápido se estiver no Nordeste. É interessante entender sobre esses dois fatores [umidade e temperatura] quando você for fazer uma composteira”, acrescenta. Por isso ele sugere que a pessoa sempre se atualize sobre o tema, sem se limitar a guias rápidos e curtos.

Legenda: Para o biólogo Bruno Flor, mais conhecido como Seu Flor, ver o próprio lixo e se ver como uma pessoa que produz lixo, sendo responsável por ele, é mais válido do que ter uma composteira com a qual você não tem vínculo.
Foto: Igor Cavalcante/ Divulgação

“Tem que ter disciplina e estudar bastante, porque muitas vezes aparece algum tipo de fungo diferente, um mau cheiro diferente ou produz alguns gases, não acontece nenhum tipo de degradação depois de 50 dias. E o que está acontecendo? Vá estudando e tenha disciplina que vai dar tudo certo”, frisa o profissional. Ele sinaliza que o material está pronto para voltar à natureza quando não se consegue identificar nenhum alimento na compostagem.

Dicas
Além de estudar bastante, outra orientação de Seu Flor é deixar a composteira em um local visível. “Tem que estar próximo da pessoa, no convívio. Se não, não entra na rotina e a composteira vai virar só um peso na vida”, ensina o profissional. Ele também recomenda que as pessoas entendam esse processo como uma mudança de vida: “por que eu estou fazendo compostagem? É só mais uma moda? Eu quero reavaliar os meus conceitos na sociedade? Eu quero produzir menos lixo? Quero reinventar a minha forma de consumir no mundo? É um tema quase inicial, principalmente na educação ambiental”, aponta.

Para ele, ver o próprio lixo e se ver como uma pessoa que produz lixo e é responsável por ele é mais válido do que ter uma composteira pela qual você não tem apego nem vínculo nenhum.

Benefícios de fazer compostagem em casa
Primeiro de tudo, você sabe para onde está indo seu alimento. “Quando você vai tentar reutilizar o alimento de casa, você vai começar a perceber que o que você come às vezes não é nem um alimento, porque comidas muito temperadas ou muito salgadas não devem ser colocadas na compostagem. Então, para você reutilizar isso, você começa a rever os seus hábitos alimentares, o que pode e o que não pode entrar nisso. Isso é benefício de forma indireta”, frisa o biólogo.

Dentre os benefícios diretos ele cita diminuição do material orgânico que vai para o lixo, redução do seu lixo e produção de adubo para suas plantas. Sem contar que você passa a entender como são os ciclos da natureza, finaliza o profissional.

ATENÇÃO
A composteira é alimentada basicamente de resíduos orgânicos.

O que colocar:
No geral, qualquer tipo de alimento que não seja muito salgado ou temperado pode ir para a composteira: restos de alimento de almoço e jantar, arroz, feijão, restos de frutas e verduras, casca de ovo (desde que seja triturada antes de inserida na composteira, para facilitar a decomposição). O mesmo deve ser feito com frutas e legumes inteiros: deve-se picá-los antes de colocá-los no equipamento, recomenda o biólogo Bruno Flor.

O que evitar colocar:
- Cascas de frutas cítricas, como limão, tangerina e laranja;
- Restos de carne;
- Pedaços grandes de alimentos.