Persistência e planejamento são as chaves para o sucesso em concursos públicos

Conheça a história e as dicas de José Deigles Queiros Paula, que já foi aprovado em diversos certames.

Legenda: José Deigles Queiros Paula: quem está cogitando partir para essa luta deve primeiramente ver qual área profissional lhe é mais agradável.
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Conhecer histórias de sucesso é sempre motivador, a fim de trazer ainda mais estímulo para conseguirmos nossos objetivos. Em se tratando de concursos públicos, essa afirmação é ainda mais forte, pois quem conseguiu chegar lá, ou seja, obteve a tão sonhada aprovação, pode inspirar outros concurseiros a fazer o mesmo. Esse é o pensamento do cearense José Deigles Queiros Paula, de 36 anos.

Formado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Deigles atualmente é Aluno Oficial da Polícia Militar e tem uma boa experiência nos mais variados certames públicos. “O candidato deve ter resiliência, mesmo não passando de primeira jamais deve sair da fila, deve manter-se lá até chegar sua vez. Todo concurso que você faz é uma experiência nova, que vai agregar conhecimento”, ensina.

De acordo com Deigles, a aprovação em um concurso é um objetivo viável para todos os estudantes, mas é preciso ter disciplina e foco. “Quem trabalha o dia todo precisa ter cuidado redobrado aproveitando cada oportunidade para estudar, seja nos intervalos de descanso, seja no percurso do trabalho, eu fazia muito isso. Já quem não trabalha, sendo estudante profissional, deve se policiar em relação a manter o foco”, receita.

Legenda: José Deigles Queiros Paula: concurso público requer mais organização e planejamento que inteligência.
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Nesta entrevista ao Diário do Nordeste, José Deigles Queiros Paula compartilha sua história de sucesso e traz dicas valiosas para quem vai iniciar ou já está trilhando a jornada em busca de um cargo público.

Diário do Nordeste: Quando você resolveu que iria se preparar para um concurso público?
José Deigles Queiros Paula:
Desde os 13 anos que eu já tinha visão e vontade de ser servidor público. A condição de ter nascido numa família carente me tornou precoce nessa vida de concursos públicos. Busquei concursos que ofertavam muitas vagas e tinham um investimento mais em conta. Meus tios, que possuíam uma condição melhor que dos meus pais, me ajudaram nessa empreitada. Claro, também tive ajuda de muitos amigos.

Para quem ainda está pensando em tomar essa decisão, quais são seus conselhos?
Tudo na vida é questão de necessidade e vontade. Existe um "mundo de oportunidades” no funcionalismo público. Quem está cogitando partir para essa luta deve primeiramente ver qual área profissional lhe é mais agradável. No começo, os "marinheiros de primeira viagem" buscam os concursos públicos pela estabilidade financeira que tais cargos proporcionam, esquecendo a atividade fim que irão desempenhar. Isso é uma realidade que deve ser muito analisada. Sei que a maioria não se preocupa muito com esse papo de vocação profissional, querem mesmo é a questão salarial. Eu também era assim, minha pressa por trabalhar, até mesmo pela necessidade financeira, me fez partir para muitos concursos que eu não tinha como sonho de vida. Resumindo, se o candidato tem apoio financeiro para se dedicar a fazer o concurso dos seus sonhos, insista, porque será um investimento único, para o resto da vida. Já aqueles que não têm essa condição, como foi meu caso, devem ir galgando concursos mais simples até ter condições de lutar por aquele dos sonhos.

Legenda: José Deigles Queiros Paula: se o candidato tem apoio financeiro para se dedicar a fazer o concurso dos seus sonhos, insista, porque será um investimento único.
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Para quem já está estudando, e ainda não conseguiu ser aprovado, o que você recomenda?
Costumo dizer que ser "concurseiro" é um estilo de vida, é uma profissão pré-profissional (risos). Recomendo uma frase que, apesar de clichê, é uma realidade: "concurso público é igual uma fila de banco: uma hora chega sua vez". Essa frase significa que o candidato deve ter resiliência, mesmo não passando de primeira jamais deve sair da fila, deve manter-se lá até chegar sua vez. Todo concurso que você faz é uma experiencia nova, que vai agregar conhecimento, mesmo que você não seja aprovado, tudo soma para a estabilidade emocional. Infelizmente o imediatismo do ser humano atrapalha essa visão de não desistir na primeira "queda". Meu processo empírico não considera uma reprovação como algo negativo, pelo contrário, isso torna o candidato mais preparado, por mais contraditório que seja. Recomendo principalmente persistência, depois rever estratégias de estudo e fazer a análise dos erros cometidos durante o processo de labuta. Outro conselho é que não existe regra absoluta, o candidato pode ter sido impecável nos estudos, ter fechado o conteúdo do edital, dominar todos os assuntos e, mesmo assim, pode vacilar na hora da prova por fatores diversos.

Conte-nos um pouco sobre seu método de estudo, quais suas principais técnicas de estudo?
Depois de escolher o cargo público, procuro conhecer como a banca examinadora trabalha, por meio de provas de concursos passados. Enumero quantas disciplinas serão cobradas e o prazo que tenho para o dia da prova. Isso é fundamental para o planejamento e distribuição das disciplinas no tempo disponível até a data da avaliação. Existem inúmeras técnicas e formas de estudo. Meu método pode ser bom para uns e  para outros, não. A internet apresenta muitas dicas e métodos de "gurus" que divulgam sua metodologia como infalível. Mas não é bem assim, cada pessoa é um universo e deve buscar a melhor forma de aprender e se organizar. Não existe fórmula mágica e geral para ensinar um método perfeito. Sempre o candidato deve estar aberto a mudanças no meio do processo. Agora, existem dicas que podem servir como uma base para qualquer um que esteja começando. 

De que forma você se organiza para os estudos?
Busco fazer uma hierarquia por disciplinas, estudo as que tenho maior dificuldade primeiro, depois que vou para as que já tenho algum domínio. É até uma questão lógica: caso tenha algum imprevisto, você estudou as disciplinas que não dominava e tem mais chances de acertar questões da disciplina que não deu tempo estudar, mas que você tinha certo conhecimento. Claro, tudo vai depender da sua base de estudo, há candidatos ruins em todas disciplinas, nesse caso ele não tem escolha, terá de estudar tudo. Outro fator importantíssimo: procure se dedicar às disciplinas que têm maior número de pontos na prova, pois o candidato não deve ser um reles papagaio que pega o edital e sai decorando tudo sem montar uma estratégia. Todo passo deve ser bem pensado, porque o tempo é o bem mais precioso nesse ramo de concurseiro. Quem trabalha o dia todo precisa ter cuidado redobrado aproveitando cada oportunidade para estudar, seja nos intervalos de descanso, seja no percurso do trabalho (quem curte estudar por áudios), eu fazia muito isso. Já quem não trabalha, sendo estudante profissional, deve se policiar em relação a manter o foco. É comum a procrastinação desses candidatos, pois se acham com muito tempo livre – sem falar que as redes sociais são uma tentação que roubam muito tempo.

Legenda: José Deigles Queiros Paula: todo concurso é uma experiencia nova, que vai agregar conhecimento.
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De todos os concursos que você já foi aprovado, qual foi o mais desafiador?
Considero que todos foram difíceis, porque fazer concurso é como subir degraus. Mas alguns foram marcantes por serem os primeiros que passei, como o Colégio Militar do Corpo de Bombeiros e a UFC, apesar de não serem cargos públicos, foram concursos muito concorridos na época. Os concursos voltados para segurança pública são mais desafiadores, porque não basta apenas estudar para passar na prova objetiva, você tem que se preparar para os testes físicos que são pesados e para testes psicológicos eliminatórios. É diferente dos concursos para cargos administrativos. Nestes, o candidato precisa estudar para prova objetiva e pronto. Por isso a preparação é muito relativa à área que você queira atuar. O concurso para praça do Corpo de Bombeiros Militar o qual passei, não achei a prova escrita difícil (nível médio), porém, os demais testes, como o físico, foram muito pesado. Já o último concurso em que fui aprovado, o Curso de Formação de Oficiais da Policia Militar do Ceará (CFO PM), de nível superior, achei sim a prova escrita mais complicada, assim como os testes físicos. Atualmente é onde me encontro! Inclusive, para aqueles que estão começando nessa vida de concursos, os da segurança publica são ideais por oferecerem muitas vagas e são mais constantes.

Pensar no futuro e nos objetivos pessoais deve ser a maior motivação para o concurseiro?
Com certeza! Todo tipo de estudo sempre é voltado para um ganho futuro. Fazendo uma analogia com a agricultura, "você planta hoje para colher amanhã". Não tem como ser concurseiro apenas com a mentalidade no presente. É uma etapa da vida onde o futuro prevalece totalmente.

E quais são suas dicas mais valiosas para os estudantes?
O volume de material estudado por dia irá depender da capacidade de absorver o conteúdo, não adianta tentar atingir metas sem aprendizado. Costumo estudar de duas a três disciplinas por dia. Claro, é algo pessoal, se você prefere estudar uma disciplina por dia, faça isso. Dependendo do nível do concurso, é interessante estudar de três a quatro horas por dia (concursos de nível médio e alguns de nível superior). Existem concursos de alto nível que requer dez horas, ou mais, de estudo por dia. Aquele que se acha no rol dos "desafortunados intelectualmente" não se desespere: concurso público requer mais organização e planejamento que inteligência. Você tem que analisar todo conteúdo do edital e determinar, aproximadamente, quantas horas por dia seu organismo precisa para assimilar. Só então você irá distribuir as horas necessárias de estudo durante sua disponibilidade no dia. Se só tem a manhã, se organize de manhã! Quem vai fazer seu horário de estudos não é um "guru", é você mesmo, de acordo com suas necessidades. Interessante também que o candidato adquira, o quanto antes, uma titulação acadêmica, porque a tendência nacional é exigir nível superior completo. Ter isso aumenta muito o leque de oportunidades para vários concursos.

Saiba mais
Tempo vale ouro

“O tempo vale ouro na prova escrita, por isso faço um pedido pessoal para quem está querendo obter sucesso nessa empreitada. As pessoas confundem a hora da prova (um tempo curto e cronometrado) com hora da "merenda". O tempo da prova já é pouco para fazer todas as questões, em média quatro minutos por questão, até menos, se precisar ir ao banheiro. Você não vai morrer de fome por passar três ou quatro horas sentado fazendo uma prova. Acho absurdo quando os "gurus" vendem que o candidato deve se "entupir" de chocolate e água para relaxar, isso é folclore, na minha opinião. Nunca precisei de um bombom durante as provas e bebia água na medida (para não precisar ir ao banheiro). Maximize seu tempo para resolver questões. Quer garantir tranquilidade na hora da prova? É só fazer seu cronograma de estudo e estudar, simples assim.”
José Deigles Queiros Paula, concurseiro