Palhaço no trabalho pode?
Pode, sim senhor! Os Doutores da Alegria, que já tratam, com muito humor, pacientes em hospitais, levam doses de comédia para empresas, quebrando a seriedade do ambiente corporativo. Conheça o trabalho.
Rostos sisudos, corpos tensos e olhares cansados. Retratos comuns em certos ambientes corporativos. Falta leveza e sobra tensão. Para mudar esse astral, muitas vezes, só rindo. O riso é o tratamento mais eficaz da Associação Doutores da Alegria, que atua não só em hospitais, mas vai às empresas para melhorar o clima organizacional. “Como diz a emérita Dra. Ferrara [membro da trupe], assim como as crianças estão internadas em hospitais, os adultos estão internados nas empresas e nos locais de trabalho”, compara Luis Vieira da Rocha, porta-voz da Associação Doutores da Alegria, que possui unidades nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife.
Como observa, a doença não está apenas nos hospitais, mas em ambientes de trabalho, de onde muitas pessoas saem doentes. “Há anos também colecionamos frases que usam a saúde como metáfora para falar da cidade, do país, do mundo, como ‘A cidade está na UTI’ e ‘O mundo está doente’. Isso nos deixou confusos: onde começa e onde termina o hospital? Percebemos que cultivamos doenças numa série de relações, e o local de trabalho tem se mostrado, infelizmente, um campo fértil para o cultivo delas. Será que precisamos chegar a esse ponto para repensar nossa relação com trabalho, ganhos e bem-estar?”, reflete o porta-voz da associação.
Seguindo a ideia de que relações saudáveis ultrapassam as fronteiras dos hospitais, os Doutores da Alegria estendem sua atuação às empresas, não com a proposta de usar a arte para falar de produtividade, mas para romper convenções, inovar e trazer leveza para ambientes normalmente estressantes e tensos. “Não adianta usar a arte para estimular o trabalhador a produzir mais e melhor. A especialidade do palhaço é romper convenções e inovar, convidando-nos à transformação de maneira divertida e envolvente, sem rir de nós, mas rindo conosco e levantando um espelho para que possamos refletir sobre a graça da vida”, afirma Luis Vieira.
Entre as ações da trupe estão palestras que aliam informação e entretenimento, em apresentações cheias de bom humor. As palestras e as intervenções são realizadas desde 1995 e atingiram cerca de meio milhão de pessoas, segundo dados da associação. Mas os palhaços também podem, inesperadamente, chegar aos escritórios, quebrando a rotina séria do ambiente de trabalho com seu programa RISO 9000, para certificar a saúde do ambiente corporativo. De acordo com Luis Vieira da Rocha, faz parte da ação dos Doutores da Alegria nas empresas realizar o “exame de veias cômicas” dos profissionais.
“Em algumas horas, artistas do elenco percorrem o escritório,fazendo uma varredura por baias, salas de reunião, cafés e corredores, oxigenando o ambiente e lembrando sempre que bobagem pouca é desgraça! Os esquetes, sempre com participação dos colaboradores, incluem check-up de ‘miolo mole’, medição de ‘sangue bom’, exame de ‘parafuso solto’, entre outros”, elenca.
Energia alta
As intervenções são uma forma de levar mais alegria às relações de trabalho, contribuir para o desbloqueio criativo e manter a energia do ambiente em alta. “Buscamos despertar nos adultos capacidades muitas vezes esquecidas: as de sonhar, criar e encontrar soluções, conectando-os ao lado mais saudável deles. Tanto no hospital quanto em ambiente corporativo, a crise convida a ampliar esses potenciais, focando no que precisa ser feito para sair daquela situação.
Muitas vezes, não há solução para a crise, mas, a partir de um olhar sem julgamento, essas conexões ajudam a superá-la de outras formas”, reflete Luis Vieira. Segundo o porta-voz, um elenco de 50 palhaços profissionais atuam nos hospitais e vão às empresas, de acordo com a demanda. “Desde 1991, já visitamos mais de 2 milhões de crianças hospitalizadas, em sete hospitais de São Paulo (SP) e quatro de Recife (PE). No Rio de Janeiro, o programa Plateias Hospitalares, com curadoria da associação, leva companhias locais para apresentações em sete hospitais, atendendo, em média 20 mil pessoas por ano”, relata. A associação destaca que o elenco atende a todo o Brasil.
Saiba mais
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