As eleições municipais de 2020 chegam hoje a sua derradeira semana – pelo menos para aquelas cidades que não precisarão de um segundo turno para selar a escolha do prefeito que as conduzirá nos próximos quatro anos.
Fortaleza tem um histórico de disputas acirradas e a vitória em primeiro turno é feito dos mais improváveis no corrente pleito, a se considerar o cenário desenhado pelas últimas pesquisas. O primeiro levantamento do Ibope, divulgado no dia 14 de outubro, sinalizava que um segundo turno era o mais razoável de se esperar, com um candidato à frente da disputa, mas sem conseguir suplantar os demais com margem suficiente para derrotá-los num único embate nas urnas. A segunda pesquisa, que se fez conhecer na semana passada, mostrou um cenário ainda mais incerto: três nomes aparecem tecnicamente empatados, na disputa pela primazia nas intenções de votos do eleitores de Fortaleza.
O segundo turno na Capital é, portanto, uma realidade que, na noite de domingo, sem surpresa, deverá ter se confirmado. O que ainda não está claro é quem são os candidatos que o disputarão. O confronto de projetos já se intensificou, estratégias foram alteradas e tratava-se uma concorrida, contra os rivais no pleito e contra o tempo. Até domingo, a disputa ganhou uma dificuldade extraordinária, se forem levadas em conta as estratégias tradicionalmente adotadas em campanhas eleitorais. Com a pandemia, já havia ficado claro que, neste ano, a corrida em busca do voto seria reconfigurada. Contudo, o que se viu nas ruas foram cenas muito semelhantes àquelas dos tempos anteriores à crise da Covid-19.
Na semana passada, o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) decidiu proibir todas os eventos de campanha com potencial de aglomeração. A decisão foi oportuna. O que se viu, na Capital e no interior do Estado, nas grandes e pequenas cidades, foi uma série de eventos extemporâneos, descolados do real, no qual o tempo da política parecia não coincidir como o presente excepcional de um mundo que enfrenta uma pandemia. Diante da falta de bom senso, a lei vaticinou o que deveria ser óbvio. O intento foi o de frear do desrespeito às regras do decreto estadual que regulam a dinâmica social nesta crise sanitária - espera-se que, no mínimo, seus excessos sejam limados.
O que se espera, portanto, no novo cenário instituído, é que a última semana dessa fase decisiva para a disputa em Fortaleza ganhe uma nova dinâmica. O espaço público digital, então, deverá ser ainda mais concorrido e movimentado. Candidatos à Prefeitura da Capital são campeões nacionais de investimento nas redes, impulsionando publicações que apresentam seus projetos e ideias para a administração da metrópole ou criticando seus adversários.
Há de se registrar que o ambiente digital também requer atenção do eleitor. Com a intensificação do fluxo de informações, na semana derradeira do pleito, deve-se ficar alerta para o possível aumento do “ruído”, dos boatos, dos relatos imprecisos, descontextualizados ou inteiramente fácil. A exigência do rigor ético por parte dos postulantes é um imperativo para aqueles que entendem a importância do que está em disputa: o futuro da cidade.