Editorial: Reabrindo as portas

Desde setembro, o setor cultural respira outros ares no Ceará. À época, um novo decreto deliberava sobre a retomada das atividades econômicas no Estado, autorizando o retorno das mesmas nos municípios que já haviam cumprido a Fase 4 do Plano de Retomada Responsável das Atividades Econômicas e Comportamentais. Entre as cidades, estava Fortaleza e aquelas pertencentes à Macrorregião de Saúde da Capital.

Por sua vez, na lista de serviços que poderiam voltar à ativa com ações presenciais, figuravam teatros, museus, bibliotecas e cinemas, embora funcionando com apenas 35% da capacidade. O propósito, naturalmente, sempre foi o de garantir a segurança de visitantes e funcionários dos espaços frente ao risco de contágio pelo novo coronavírus.

Neste momento, passados mais de dois meses da decisão estadual, o ramo da cultura continua sentindo os duros impactos advindos com a pandemia de Covid-19. Isso porque o regresso de iniciativas in loco nos equipamentos exige uma vastidão de esforços - da aquisição de ferramentas de proteção até a manutenção constante dos diferentes ambientes que compõem cada local. Uma atenção cuja importância deve ser sempre enfatizada.

Há ainda um ponto mais específico, referente à recepção da audiência: é necessário, em um instante atípico feito este, conquistar a confiança do público para que este se sinta seguro em frequentar atividades culturais e, estando nos equipamentos, aproveitar a programação bem e protegido. Um vultoso desafio.

Organizada pelo Itaú Cultural e Datafolha, divulgada no último mês de outubro, a pesquisa "Hábitos Culturais pós- pandemia e reabertura das atividades culturais" traça um panorama acerca da expectativa de retorno às ações presenciais do setor, bem como sobre o grau de confiança dos usuários com a retomada. A maioria dos brasileiros entrevistados (66%) deseja atividades culturais quando houver relaxamento das restrições de convívio social; contudo, iniciativas em locais fechados terão maior dificuldade de atrair público.

O estudo também avalia o que a população espera, no sentido de protocolos, dos equipamentos voltados para a fruição artística. Para 17%, apenas a disponibilização de uma vacina para a Covid-19 pode dissipar o medo. Distanciamento, ter espaço e evitar aglomerações é o procedimento mais mencionado pelos consultados (58%).

Não à toa, a partir de tais exigências, a Biblioteca Pública Estadual do Ceará, por exemplo, aguardará mais tempo para regressar com suas ações. Inicialmente, previsto para ser reinaugurado no primeiro semestre deste ano, o espaço está fechado para reforma desde fevereiro de 2014, gerando grande expectativa de retorno. A Secretaria da Cultura do Ceará, responsável pela gestão da casa, já informou que a previsão de reabertura é para este ano. Para tal, é possível observar os números de contágio, diante do comportamento da sociedade.

Assim sendo, é preciso redobrar os cuidados em cada atividade promovida pelo setor cultural a fim de driblar os tantos desafios, com prudência e atenção. Já tão fragilizada pelo contexto que atualmente se impõe, essa instância de serviços e ações necessita de ininterrupta responsabilidade para contornar o intrincado panorama.


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