Editorial: O Turismo e a pandemia

Tem sido o turismo o setor da economia que, em todo o mundo, mais sofre as consequências da pandemia da Covid-19. Exemplo disto é o balanço financeiro da TAP, maior empresa área de Portugal, que tem, em sua composição societária, a participação de capitais brasileiros. 

O balanço, publicado ontem, revelou que a companhia registrou, até setembro passado, prejuízos de 700 milhões de euros (R$ 3,72 bilhões ao câmbio de ontem). De janeiro a setembro, ela perdeu 9 milhões de passageiros em relação a igual período do ano passado. Havia quase 20 anos, a TAP tinha voos diários ligando Fortaleza a Lisboa. Agora, por causa da crise sanitária, esses voos reduziram-se a três por semana.

No front interno brasileiro, os prejuízos causados pela Covid-19 avançam para além do setor aéreo, que igualmente segue sofrendo os castigos da abrupta redução de voos por falta de um número maior de passageiros. A administração dos aeroportos recentemente privatizados, como o de Fortaleza, foi socorrida pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que repactuou os contratos.

Com a extraordinária diminuição dos pousos e decolagens, a receita da Fraport – que tem a gestão do Aeroporto Internacional de Fortaleza – caiu verticalmente. O recrudescimento dos casos de Covid, que se registra agora em várias regiões do País, poderá agravar o quadro.

Na área hoteleira, a pandemia também tem causado estragos. O índice de ocupação dos hotéis de Fortaleza e de outras cidades do litoral do Ceará, mesmo nas chamadas grandes datas e nos feriados prolongados, é franciscano, e não tem alcançado 90%. Para as festas de fim de ano – Natal e Réveillon incluídos – a taxa de reserva está girando em torno de 70%, por enquanto. 

Como se não bastasse esse lamentável balanço, deve ser acrescentada a crise dos bares e restaurantes, que ainda funcionam sob restrições. Muitos desses estabelecimentos, na Capital e no interior do Estado, fecharam suas portas e demitiram alguns milhares de trabalhadores, garçons em sua maioria. 

O lado social da crise é o que mais preocupa, pois tem a ver com o emprego e a renda das pessoas, e o turismo é um empregador intensivo de mão de obra.

A Secretaria de Turismo do Governo do Ceará e suas congêneres municipais esforçam-se no sentido de atrair para cá os turistas nacionais e estrangeiros, mas as limitações impostas ao transporte aéreo freiam as melhores intenções das autoridades. Hoje, o Ceará e sua Capital dispõem de uma muito boa infraestrutura turística, incluindo rodovias de acesso às praias, o que o mantém entre os três principais destinos dos brasileiros de outras paragens.

Assim como a plena retomada da economia – e do emprego formal, por extensão – depende da chegada das vacinas contra o coronavírus, a do turismo também está condicionada à imunização da população mundial.

Em Londres, a vacinação, segundo anunciou ontem o Governo britânico, começará no próximo dia 7. No Brasil, porém, só ao longo do primeiro trimestre do próximo ano. Há, porém, a certeza de que a ciência descobriu e já produz em escala industrial a vacina salvadora, e esta é a melhor notícia deste aterrorizante 2020.


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