Wellington Dias, antes de tudo um forte no governo Lula

Foto: Agência Brasil

Ele não é dos políticos mais midiáticos ou lacradores, para usar a terminologia da moda. Seu cargo, é bom que se diga logo de cara, correu o risco permanente de ser abocanhado pelo apetite descomunal e pantagruélico dos deputados do Centrão — grupo do presidente da Câmara, Arthur Lira, que manda e desmanda em Brasília.

Com a força e a teimosia de uma criatura do Piauí, terra onde foram encontrados vestígios dos primeiros homens das Américas, o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social) manteve-se no posto e comandou o programa mais importante do governo Lula, o Bolsa Família, agora em versão turbinada com 21 milhões de lares atendidos.

Veja também

Difícil encontrar um político brasileiro com mais capacidade de administrar benefícios sociais do que o “Índio” — como o presidente Lula o chama. Tem lastro histórico: Dias comandou as primeiras experiências do Fome Zero, programa que deu origem ao combate à miséria no mandato inicial do PT na Presidência, em 2003.

Foi no município de Guaribas (PI), perto da mesma serra da Capivara onde a arqueóloga Niède Guidon descobriu os rastros da civilização americana, que o então governador do Estado botou em prática as ações que se tornariam emblemáticas nas gestões lulistas. Lei aprovada no Congresso, o Bolsa Família atingiu, sob o cuidado do piauiense, o valor médio de R$ 680,61.

Discreto nos seus movimentos políticos, o ex-governador nordestino sequer aparece entre os ministros mais populares do governo Lula. Na pesquisa Genial/Quaest, destacam-se Fernando Haddad (7%), Flávio Dino (4%), Camilo Santana (2%), Simone Tebet e Alexandre Padilha (ambos com 1%).

Sobrevivente como um personagem de “Macambira” (editora Quimera), livro de sua autoria, o ministro sertanejo de Oeiras resistiu às futricas brasilienses e ao apetite do Centrão & suas feras — uma turma que come mais que esmeril da França, para lembrar aqui um ditado materno lá da Chapada do Araripe.

Um feliz Natal aos leitores e leitoras do Diário do Nordeste. Até a próxima.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.



Assuntos Relacionados