Você sabe o que é pantim? Ora, é aquela atitude dramática, exagerada, novelesca, normalmente meio falsa ou mentirosa. Na rotina dos brasileiros, o pantim é bastante comum, faz parte da dramaturgia nas relações sociais, nos embates da família e nos relacionamentos amorosos.
Na política paroquial ou do baixo clero, o pantim também dá as caras. Foi assim que chegou ao Palácio do Planalto. Temos no comando um velhíssimo político em estado permanente de pantim. Não vejo charme nenhum nisso, mas ainda tem quem ache, embora os índices de rejeição já alcancem a faixa dos 60% no Nordeste.
Quando não está em ordem unida do pantim, o capitão reformado adota o motim com a tropa. É o que vemos nas mobilizações dos bolsonaristas para o feriado da Independência, o 7 de setembro. Na falta do que entregar de concreto ao país, dramalhão e quarteladas com o auxílio dos berrantes de cantores sertanejos e humoristas de “A Praça é Nossa”.
Sem explicações convincentes do “Posto Ipiranga” — para retomar o apelido aditivado e hiperbólico do ministro Paulo Guedes —, pantim e motim para as massas. Gasolina a R$ 7 na bomba?, ora, a culpa é dos governos estaduais; feijão e arroz pela hora da morte?, sinto muito, o importante é não permitir “a volta do comunismo”. É uma presepada a cada expediente. Vale tudo, a exemplo do ataque e pedido de impeachment de ministro do STF, para manter a plateia entretida.
Não é um governo, no sentido pleno da palavra, é uma marmota. Agora, com licença, vou voltar aqui ao “Dicionário do Nordeste” (Cepe Editora), livrão de Fred Navarro que tenho estudado para ajeitar os erros do meu português ruim.
É nesse guia que encontro o bom uso do pantim em obra-prima de Jackson do Pandeiro: “Meu amor de mentirinha/ ora diz não, ora diz sim,/ é toda cheia de pantim/ mas sente saudade/ quando está longe de mim/ e bota pra roer, bota pra roer,/ bota pra roer quando não me vê”.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.