Soltar a voz com uma canção do padre Zezinho. Quem nunca?

Legenda: Religioso afirmou que só volta a se manifestar após o segundo turno das eleições
Foto: Reprodução

“Um dia uma criança me parou/ Olhou-me nos meus olhos a sorrir/ Caneta e papel na sua mão/ Tarefa escolar para cumprir/ E perguntou no meio de um sorriso/ O que é preciso para ser feliz?”

Quem nunca cantou, no entusiasmo da juventude, essa canção? Se você tem de 40 para cima, viveu no sertão ou nas capitais, impossível não ter levado esses versos no gogó. Nem precisava ser tão católico assim ou frequentar religiosamente a missa dos domingos. Às vezes bastava uma roda de violão na praça ou na esquina.

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O autor dessa e de mais 500 músicas de sucesso é o padre Zezinho, mineiro da cidade de Machado, que esta semana teve que fechar as suas redes sociais por causa dos ataques políticos de eleitores guiados pelo fanatismo. O anúncio do padre se deu no momento em que o santuário de Aparecida do Norte, em São Paulo, ainda era notícia por causa da baderna provocada entre bolsonaristas durante as celebrações do dia 12 de outubro.

“Meus 81 anos, meus 56 anos de padre, meus 102 livros, minha cultura religiosa, minhas mais de 2 mil canções nada dizem para eles. Insistem que não lhes sirvo mais como padre e pregador”, disse o religioso. “Continuam a dizer que sou mau padre, que sou comunista e que sou traidor de Cristo e da Pátria porque ensino doutrina social cristã".

Zezinho recebeu a solidariedade de muitos fiéis, admiradores e, em especial, o manifesto de apoio do padre Júlio Lancelotti, o mais atacado por aliados do presidente Bolsonaro. A causa das agressões é o trabalho de proteção e caridade aos moradores de rua em São Paulo.

A mesma intolerância resultou em ataques de bolsonaristas ao padre Lino Allegri, na paróquia da Paz, Aldeota, em Fortaleza, como noticiou o Diário do Nordeste em 2021. O pecado de Allegri foi uma crítica que fez à omissão do governo federal durante a pandemia de Covid-19. Naquele período, o país registrava 500 mil mortes.

Diante das agressões, dentro e fora dos templos, só me resta, com a lembrança das missas dominicais na igreja dos Salesianos – depois rolava o racha de futebol mais incrível do planeta –, soltar a voz de novo com o padre Zezinho:

“Amar como Jesus amou/ Sonhar como Jesus sonhou/ Pensar como Jesus pensou/ Viver como Jesus viveu/ Sentir o que Jesus sentia

Sorrir como Jesus sorria/ E ao chegar ao fim do dia/ Eu sei que eu dormiria muito mais feliz”.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.

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