Hoje é um dia especial. Por isso me recuso a reproduzir aqui o último ataque do presidente aos eleitores e eleitoras do Nordeste. Sempre estive atento ao preconceito que sopra lá do Palácio do Planalto. Desde o primeiro dia da gestão bolsonarista, registro nesta coluna as “piadas”, “as brincadeiras”, as “gozações”, os “deslizes”, os “lapsos”, as “polêmicas” etc.
E haja aspas e passadas de pano. Há sempre uma desculpa para não assumir o mal que sai da boca do homem. A gente sabe, porém, que tudo que sai da boca procede do coração e do juízo. É bíblico. E isso contamina, se multiplica em palavras e vídeos repletos de crimes de xenofobia, como vimos depois da votação do primeiro turno.
Este 8 de Outubro, no entanto, é uma data especial, esqueçamos esse cabrunco. Nem que seja só por hoje. É Dia do Nordestino. A data foi criada na Câmara Municipal de São Paulo, por iniciativa do então vereador Francisco Chagas (PT), em homenagem ao centenário do poeta Patativa do Assaré, em 2009. Chagas é nascido em Riachuelo, no Rio Grande do Norte, e a ideia foi exaltar a brava gente que construiu a capital paulistana.
Não é feriado, mas a data pegou no país inteiro, com a ajuda do engajamento nas redes sociais. Houve até uma mudança aprovada no mesmo plenário, em SP, em 2019, alterando a celebração para o dia 2 de agosto – marco da morte do pernambucano Luiz Gonzaga. A mexida não vingou.
A festa do 8 de outubro coincide com o dia do nascimento do poeta Catulo da Paixão Cearense, nascido no Maranhão em família com origem do Ceará, autor do clássico “Luar do Sertão”. Aí tudo se transforma em ciranda: Patativa, que amava Catulo, que foi cantado por Gonzaga, que era fã dos outros dois. Com tanta genialidade junta, ninguém briga, fica tudo em casa, vira um fuá no reboco.
Para todo o povo que não nega seu “naturá”, como dizia o poeta do Assaré, feliz dia dos Nordestinos.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.
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