Sim, Pedro Bó, você está na moda

Legenda: Cena de Pedro Bó com Pantaleão
Foto: Reprodução/Youtube

Só Pedro Bó dá conta da situação política, econômica e cultural brasileira. O personagem criado pelo cearense Chico Anysio nos anos 1970 é o antídoto para a estupidez do momento.

Vem lá o colega negacionista questionando a vacina para crianças, com um turbilhão de fake news de whatsapp, e você aplica a receita humorística do gênio de Maranguape: “Não, Pedro Bó, a imunização infantil não salva vidas, mata na hora, é por isso que você está mortinho da silva desde que tomou aquela dose contra a poliomielite ou o sarampo”.

Veja também

E assim vamos tentando manter a sanidade. Para perguntas ou opiniões estúpidas, só uma resposta enviesada ou uma ironia grosseira. O coronel Pantaleão não alisava e nem passava o pano. E olhe que Pedro Bó era um abestado de alto nível em comparação com a turma bovina e terraplanista de hoje.

Nada mais pedagógico do que o pedrobozismo. A jornalista Bia Abramo iniciou recentemente, nas redes sociais, uma justíssima campanha de resgate do personagem para as novas gerações que não deram sorte de ver a galeria de tipos do “Chico City”, o programa de Chico Anysio na TV Globo. Jovens, ao Youtube, o tesouro está disponível.

Não, Pedro Bó, a economia não anda bem se o povo está no osso. Não, Pedro Bó, se a culpa do aumento da gasolina fosse do ICMS dos Estados, não teria subido de novo agora — mesmo com o imposto congelado.

Não, Pedro Bó, não existe combate à corrupção se o Palácio do Planalto coloca sigilo centenário para abafar escândalos... E por aí vai.

Se Freud explica, o diálogo com Pedro Bó troca em miúdos. Vale para qualquer ramo ou assunto. O anti-herói de Chico Anysio precisa retomar sua fama. Como nos tempos em que se tornou até nome de seção da revista MAD. A justificativa para a grosseria editorial era simples: “Respostas Cretinas para Perguntas Imbecis".

A essa altura da coluna, os conterrâneos do Cariri devem estar lembrando do Seu Lunga (1927-2014), meu vizinho na rua Santa Luzia, em Juazeiro do Norte. Dono de uma casa de sucatas na cidade, hoje faz parte do folclore do Nordeste. Foi um gênio no seu modo bruto de comentar indagações e tolices da freguesia. Pense num homem zangado diante das grandes besteiras paroquiais ou universais!

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.



Assuntos Relacionados