Da bomba de Jati ao exemplo da Finlândia

Legenda: Obra de transposição do Rio São Francisco
Foto: Divulgação/Ministério da Integração Nacional

As bombas da transposição do São Francisco foram desligadas em Jati, no Cinturão das Águas do Ceará, no dia 26 de novembro de 2022, no fim de feira do governo Bolsonaro, o que prejudicou a corrente do canal. Fato. É fácil comprovar.

Essa mesma notícia, porém, com direito a videozinho no Tik Tok, voltou agora como a primeira grande fake news do Nordeste em 2023. Segundo seus divulgadores — viúvas e viúvos do bolsonarismo golpista que aterrorizou Brasília — o governo Lula mandou desligar as torneiras.

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“Faz o L, nordestino”. Foi com esse enunciado carinhoso (risos) que tomei conhecimento da lorota. O hater (o tipo que persegue com ódio nas redes sociais) insiste até este momento. Mesmo que eu o apresente uma checagem da agência Lupa comprovando se tratar de uma mentira.

Perseguidores à parte, tem uma usina no Brasil que nunca desliga as suas turbinas. A moagem é permanente. E não é uma moagem de cana-de-açúcar, o que daria no mínimo uma boa garapa ou rapadura. Infelizmente, essa engenhoca produz, dia e noite, desinformação, notícia falsa ou fake news. Está para nascer o mitológico Hércules ou super herói capaz de envergar essa estrutura.

Existe, porém, uma esperançazinha. De imediato, temos o auxílio e a necessidade do jornalismo profissional, a fonte mais segura para derrubar os mentirosos. De uma forma mais consistente e duradoura, o modelo vem de países que levaram o drama para ser tratado na sala de aula.

O melhor exemplo do mundo é a Finlândia. Desde 2016, o debate sobre fake news é feito na escola, da alfabetização à universidade. Todos os professores e professoras se envolvem no assunto, inclusive os mestres de matemática — ajudam a desmentir estatistas absurdas e números chutados pelos fraudadores da realidade. O nome disso é educação midiática.

O Brasil ainda se encontra a vinte mil léguas submarinas desse sistema pedagógico. Não custa sonhar, porém, nesse momento em que o ministro Camilo Santana e equipe do MEC apostam em um ensino básico fortalecido. A escola em tempo integral pode ser um bom ambiente para o começo desse laboratório de estudos contra a desinformação rotineira.

O sonho está ao alcance de todos os brasileiros e brasileiras, óbvio. Ninguém, todavia, sonha como os cearenses. É coisa da civilização da rede.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.



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