Foi do barro, do barro do chão de onde vem o baião, que o pernambucano Lula da Silva começou a dar uma cara ao seu terceiro mandato na Presidência da República. Vitalino de Caruaru e Maria Cândido de Juazeiro, para lembrar dois mestres da cultura, parecem moldar, espiritualmente, a nova temporada.
Não adianta bodejar por aí que se amarra no Nordeste e iniciar um mandato, como foi o caso do presidente Jair Bolsonaro, sem um ministro sequer da região. Um deserto. Tinha até colombiano, caso do infrutífero Ricardo Vélez Rodrigues na Educação, mas ninguém do Ceará para contar nos dedos. Depois pingaram um ou outro, longe das pastas mais importantes, nunca chegando a meia dúzia.
A uma semana da posse, Lula já deu uma feição nordestina muito forte ao seu governo. Conte comigo: o Maranhão com Flavio Dino na Justiça, Pernambuco tem José Múcio Monteiro na Defesa e Luciana Santos na Ciência e Tecnologia, o Ceará deu Camilo Santana na Educação, a Bahia trouxe Rui Costa na Casa Civil e Margareth Menezes na Cultura, Sergipe mandou Márcio Macedo para a Secretaria-Geral da Presidência, o Piauí fez Wellington Dias no Desenvolvimento Social.
Não são penduricalhos ou empreguinhos de consolação. “É um maracatu que pesa uma tonelada”, pego aqui a Nação Zumbi como trilha sonora desta coluna. Um Ministério importante como o da Educação, por exemplo, pode representar uma candidatura para presidente da República em 2026 — Camilo sabe disso, basta conseguir, na companhia de Izolda Cela, ampliar as realizações na escola básica cearense para todo país.
Noves fora as projeções eleitorais precoces, o Nordeste que se destaca no retrato novo das autoridades de Brasília é o mesmo que fez bonito na campanha duríssima de 2022. Nada mais justo. Foram as imagens de festa dos eleitores de cidades do interior, sempre em avermelhados carnavais fora de época, que abriram o caminho da vitória.
Aos leitores e leitoras, feliz Natal. Até a próxima.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.
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