A influencer e as canibais de Garanhuns no cassino das Bets

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Legenda: Deolane Bezerra
Foto: Reprodução/Instagram

O roteirista do Brasil é uma criatura à prova de tédio e rotina. Mago da técnica do “plot twist” carpado, ele é capaz de provocar reviravoltas radicais no enredo da história. Traduzindo para o bom e velho cearês, esse roteirista é meio abirobado — não gira bem do juízo.

Repare no que o maluco aprontou agora no roteiro, ao juntar no mesmo presídio a influencer e advogada Deolane Bezerra — acusada de lavagem de dinheiro da bet Esportes da Sorte — e as duas mulheres do trio conhecido como “Canibais de Garanhuns”.

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Deolane foi conduzida pela Polícia de Pernambuco para uma cela reservada na Colônia Penal Feminina de Buíque, na região do Agreste. É lá que se encontram Bruna Cristina e Isabel Cristina, condenadas por assassinato e canibalismo, com penas de 68 e 71 anos respectivamente. O outro membro do grupo, Jorge Beltrão, com 78 na sentença da Justiça, está preso na Ilha de Itamaracá.

Capturada na operação Integration, que investiga crimes financeiros de empresas de jogos no Nordeste, Deolane se diz inocente no episódio. Ao chegar no novo local de prisão preventiva, certamente vai ouvir muitas histórias das outras duas detentas famosas.

Rebobino aqui também a fita sobre o caso dos canibais brasileiros. A população de Garanhuns, conhecida como a Suíça pernambucana (por causa do clima frio), entrou em estado de pânico em 2012, depois das confissões do trio canibal.

Sim, Bruna, Isabel e Jorge praticavam o canibalismo. Além de todo esse horror, ainda fabricavam e vendiam salgados (coxinhas e empadas) feito com carne humana. Pelo menos oito pessoas foram assassinadas pelo Cartel (como eles denominavam o grupo) para servir de alimento.

A polícia chegou aos canibais depois do desaparecimento de Giselly Helena da Silva, 31 anos, e Alexandra Falcão da Silva, 20. Os restos mortais das duas mulheres foram encontrados em covas no quintal da casa que abrigava a seita. O local foi apontado por uma criança de cinco anos — a menina que morava com o trio de criminosos era filha de Jéssica Camila, uma jovem de 17 anos que havia sido morta por Jorge Beltrão em 2008, quando ele morava em Olinda.

Jorge era casado inicialmente apenas com Isabel. Depois, sob o consentimento da esposa, passou a viver também com Bruna.

As vítimas eram atraídas para o quintal assombrado sob a falsa promessa de conhecer a palavra de Deus. Os alvos, segundo confissões dos canibais, eram “mulheres impuras que espalhavam o mal e a discórdia na Terra”.

Embora o trio alegasse todo um conjunto de preceitos espirituais para “justificar” os assassinatos e esquartejamentos, foi algo bem material que levou a investigação policial a desvendar os crimes: o cartão de crédito de Giselly. Jorge Beltrão havia feito várias compras em nome dela. O extrato das despesas foi a grande pista.

Segundo a confissão de Isabel Cristina, a carne humana era consumida como parte de um ritual macabro. Esse ato levaria a purificação e salvação destas almas. No entendimento do Cartel, era necessário diminuir a população do planeta e as fêmeas impuras deveriam ser sacrificadas.

A presença da influencer Deolane na Colônia Penal de Buíque provocou um alvoroço no Agreste. O roteirista do Brasil entregou mais um episódio inesquecível. O dia em que as canibais se viciaram no cassino do trigrinho.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.

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