A vitória do Fortaleza sobre o Atlético Mineiro, por 2 a 1, foi mais um triunfo daquelas camisas de que falava o cronista Blanchard Girão.
São situações em que, momentaneamente, desprovidas do hino e do apoio da torcida, as camisas parecem jogar sozinhas, conduzindo uma força misteriosa.
Rogério Ceni sabia sobre o tipo de batalha que teria pela frente: um Atlético ofensivo, que pressiona na saída de bola, encravado além da intermediária adversária, fustigando com os extremas, a suplementação dos alas e trocando passes para envolver.
O treinador tricolor escalou Gabriel Dias para a caça de Keno (funcionou mais, no primeiro tempo) e, pelo lado direito, colocou um conhecedor daquele território – Tinga – responsável pela jogada do primeiro gol, através de David.
No meio-campo Juninho e Felipe ficaram mais solidários aos zagueiros, e Ronald, além de marcar pelo lado esquerdo as descidas de Mariano, ainda atacou e fez uma magnífica partida na dupla função.
À frente, Romarinho (que contribuiu pouco) e David, que acabou desencabulando e marcando o seu gol.
Aí, as coisas foram do céu para o inferno, quando Felipe foi expulso e logo a seguir Sasha empatou para o Atlético.
O time mineiro deve ter internalizado que passaria o trator por cima na etapa final, e quase confirma isso, em três lances com possibilidades de gol, em sete minutos de jogo.
Depois disso, se imaginou o contra-ataque, na exploração da velocidade de Osvaldo e Yuri, que entraram no segundo tempo, como única forma do Fortaleza chegar a área atleticana.
Nada disso: foi elaborando, com a carregada de bola de Ronald e as participações de Osvaldo, Yuri e Tinga, que o Fortaleza esteve perto do segundo gol, numa jogada de Osvaldo, em que se assinalou o gol da vitória, com Bruno Melo, e ainda houve uma chance com Iúri.
Quanto ao Atlético, sucumbiu, como no primeiro tempo, à marcação imposta por um Fortaleza que foi buscar forças nas entranhas, para segurar o resultado.
Extraordinária vitória. Dessas que entram para a história do Leão do Pici.
O craque do jogo que escolhi foi o meio-campista Ronald, do Fortaleza.