O futebol, agora, tem disso, sim: saber sofrer para vencer; o que não deixa de ser um péssimo sinal para o esporte no Brasil. O Ceará propôs o jogo e anulou, inteiramente, as ações do Vasco da Gama. Foi proprietário da bola e realizou a maior parte das ações no campo adversário.
Ricardinho fez o pivô no meio-campo, liberou Charles e Fernando Sobral para manobrar em busca da área vascaína, onde Cleber lutou com permanente marcação.
Mateus Gonçalves, com o seu habitual déficit de inteligência, e Samuel faziam razoáveis incursões pela direita.
Só que isso teve um preço para o Ceará, em função do recuo forçado de um Vasco que passou a bloquear, no mínimo, com oito jogadores na defensiva.
Sem conseguir jogadas de profundidade, o alvinegro ficou condenado a gastar suas energias em tentativas infrutíferas.
Perdendo Charles, fez entrar Fabinho, deslocando Ricardinho para trabalhar mais à frente.
O problema é que o futebol tem seus castigos, e o segundo tempo veio carregado deles, a partir de uma falha de Luiz Otávio, que ressuscitou German Kano, um artilheiro que estava sumido do jogo.
Escalando Leandro Carvalho, Vinicius, Sóbis e Jacaré, no decorrer do segundo tempo, bem que o Ceará buscou romper a aglomeração defensiva do Vasco.
Diante das desastradas saídas de bola do adversário, Vinicius ainda colocou Sóbis para acertar a trave, na mais cristalina oportunidade alvinegra no jogo todo.
Como o time carioca só visitou o campo defensivo do Ceará, rigorosamente, a negócio, Felipe Bastos e Ribamar fecharam a conta de forma cirúrgica. Foi uma derrota dolorida para o Ceará.
Mas, futebol não é binário: o que parece ser o errado, muitas vezes acaba sendo o certo, e o Vasco ganhou, com o seu futebol sofrido, por um placar, inesperadamente, amplo.