A crônica não é “como estação, depois que o trem passou” (perde-se o interesse), dizia Otto Lara Resende, em relação à notícia de jornal.
Vejo a crônica como literatura, sim, pois além de se dedicar ao cotidiano das pessoas de forma intimista, bem humorada e poética, conta histórias emocionantes.
Sabemos ser o homem o único animal que conta histórias e, desde que há gente no Mundo, sempre houve quem contasse causos.
A crônica só passa a ser aborrecida quando envereda por temas políticos, o que, infelizmente, acontece nos dias de hoje.
Contaminada pela exacerbação, perde o seu frescor.
Como recomenda o excelente cronista Nelson Mota, a crônica deve ser escrita com o coração e não com o fígado.
Há quem seja craque em produzir uma crônica em pouco mais de 15 minutos, seja qual for o assunto.
Para esse juvenil da escrita, falta cultura literária e experiência existencial suficientes para “colocar no papel” coisas interessantes de forma tão rápida.
O alto pensamento continua guardando uma considerável distância da gente, o que não impede de considerarmos que a luta continua em busca do conhecimento.
Essas mal traçadas, por exemplo, vão consumindo mais de uma hora dos meus neurônios já atingidos pela fadiga material.
Ao fim dessa luta em busca das palavras, a neuropatia já faz a dor se espalhar pelo meu corpo da cabeça aos pés.
É, sempre, assim.
Escrever é um oficio pesado, sofrido e, no final, compensador.
Convencido de que crônica não é discurso e os leitores (se é que os tenho) preferem o que pode ser digerido mais rapidamente, deixo o seguinte recado: Nelson Rodrigues, Antonio Maria e Carlos Heitor Cony continuam escrevendo crônicas maravilhosas nas minhas lembranças.