À esta altura da vida, não pretendo mais nada, profissionalmente falando.
A única coisa que almejo é respirar um clima de dignidade neste país, distante das asperezas dos conflitos.
O estômago não aguenta mais.
O topo do mundo para mim foi o fato de ter sido reconhecido pelo que faço como cronista esportivo.
Sem essa atividade, a condição de autodidata que me atribuíram não teria tido maior valor.
Acredito ter sido eleito pela vocação.
O interessante é que, sempre, considerei (e considero) o narrador esportivo como figura central das transmissões de futebol.
Entanto, as análises durante os jogos e a utilização do subproduto das partidas para as resenhas posteriores, sempre tiveram a minha preferência.
Cabe lembrar que foi Oduvaldo Cozzi, grande nome do rádio esportivo do Brasil, o criador do repórter atrás dos gols e do comentarista.
Mesmo numa época de literatura incipiente sobre o futebol, busquei publicações para embasar as minhas opiniões.
É preciso ler muito, muito mesmo, também, sobre assuntos que não sejam futebol.
Forçoso acrescentar que posições clubísticas são incompatíveis com a condição do comentarista esportivo que se respeita.
A considerar neutralidade posição difícil na cobertura de um esporte apaixonante como futebol, cultivei a isenção como pilar do meu trabalho.
Não é tarefa fácil colocar razão dentro da paixão. Quem é do métier sabe disso.
As digressões terminam, mas continuo na procissão da vida, fazendo com paixão o que gosto.
O que é bom, e bem feito, só se faz com paixão.