Como sabem, tenho conseguido ganhar a vida comentando futebol, no rádio e na TV.
Convocado para fazer comentários no Diário do Nordeste, usei a experiência que tinha de escrever "de ouvido".
Escrever é muito diferente de falar, de se expressar oralmente.
Na escrita, vou descrevendo os fatos como um poeta caótico, que não se preocupa com o aparato da rima.
Nesse ofício, onde me considero do time juvenil, sou assessorado por dois filhos jornalistas.
Dou o mote, desenvolvo a cantoria e eles fazem pequenas correções.
Depois que queimo os neurônios, caprichando no conteúdo, poucas vezes peço as suas opiniões que, geralmente, são dadas com um lacônico "é ......tá bom".
Escrever passou a ser, além de uma obrigação profissional, uma rota de fuga contra o tédio.
Digamos, também, um refúgio.
Quanto aos poucos que me leem, não sei, sinceramente, em que estado ficam.
Se satisfeitos ou desesperados. Nesses casos, nunca se sabe.
Não consigo passar muito tempo sem colocar, no celular (uso pouco o computador), as ideias que me ocorrem.
Não falo apenas de futebol, procuro abordar coisas do nosso tempo, sem ser um cocheiro distraído.
No Brasil, o público que lê é pequeno para as nossas dimensões.
Quem lê faz pouco caso, não se aprofunda.
Mas é para os querem aprender e transmitir sabedoria que escrevemos.
Do que "arremessamos" na cabeça dos leitores, talvez me saia melhor na narrativa dos micro-causos, meus e dos outros.