Pier Paolo Pasolini, cineasta, ator, poeta e escritor italiano, foi quem definiu o futebol entre prosa e poesia, para diferenciar esteticamente o europeu e o latino-americano.
Isso ocorreu quando o Brasil sagrou-se tricampeão do Mundo, ao derrotar a Itália em l97O, e Pasolini definiu: “o futebol deles é a expressão máxima do futebol de poesia”.
Ao contrário do esquema tático do “futebol de prosa”, o “futebol de poesia” do Brasil era marcado pelo improviso, pelos dribles e gols.
Essa admiração não se restringia somente ao cineasta italiano.
Beckenbauer, o notável Kaiser, derramava-se em elogios: “Ver o Brasil jogar é um sonho, enfrentar o Brasil é um pesadelo”.
Assassinado em 1975, Pier Paolo Pasolini não teve tempo de assistir a conversão dos brasileiros ao “futebol de prosa”.
Mas, aí é um outro assunto.
Indignado com o adiamento do jogo com o Bahia, marcado para o próximo sábado, em prejuízo do Ceará, o seu presidente Robinson de Castro deplorou o futebol, como não sendo de “prosa” nem de “poesia”.
Entendeu ele, ao que parece, que, fora de campo, as coisas funcionariam à base de uma respeitosa prosa acompanhada de relações poéticas.
Mas, não é bem assim. No aspecto de gestão, o futebol brasileiro sempre foi o inverso daquilo que apresentou nas quatro linhas.
Do túnel para o gramado, as coisas funcionaram bem, ao contrário do que ocorreu do túnel para fora.
Sempre faltou uma entidade forte e liderança à altura do gigante que somos no futebol.
Por isso é: “cada um por si, Deus por todos”.
Nesse caso, a "prosa" e a "poesia" de Pasolini não guardam a menor semelhança com as coisas geridas no futebol cinco vezes campeão do Mundo.