Os debates políticos e os repentistas

Confira a coluna deste sábado (24) do comentarista Wilton Bezerra

Legenda: Ficava impaciente quando cantadores da terra eram sobrepujados por violeiros visitantes
Foto: reprodução

Por mais que déssemos de ombros para os debates em torno das eleições a presidente, soubemos sobre eles.

Como temas para discussões, as emergências humanitárias e sociais foram secundarizadas.

Economia e inclusão produtiva, assuntos que deveriam ter sido mais abordados.

Muita coisa importante  passou longe das discussões.

É como se os estafes dos candidatos entendessem a preferência dos eleitores por acompanhar um campeonato de acusações e insultos.

Águas turbulentas mas, mesmo assim, resolveram balançar o barco.

Isso me faz lembrar um causo em Juazeiro do Norte, nos anos 1950 do século passado.

Seu Lulu Machado adorava cantorias de violeiro à base de desafios.

Contratava repentistas de outros estados para contendas na sede do Treze Atlético Juazeirense.

Ficava impaciente quando cantadores da terra eram sobrepujados por violeiros visitantes.

Funcionava como estafe dos repentistas da casa.

Num desses momentos,  cochichou para um violeiro de Juazeiro, para que o mesmo aumentasse o tom de insultos contra o adversário que o massacrava.

Chegou mesmo a sugerir: "Fale do rabo da mãe dele que eu garanto, rapaz !"

Depois de alguns minutos de relutância, o violeiro juazeirense sapecou:

Veado solto no mato, sabe a folha que come
Seu Lulu só quer que eu fale, 
no rabo da mãe desse homem.

Tempo fechado.

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