O zagueiro que mordia e a dupla Carestia e Botija

Confira a coluna desta segunda-feira (17) do comentarista Wilton Bezerra

Montagem com fotos de Goró, Carestia e Botija
Foto: arquivo / Wilton Bezerra

No futebol de Juazeiro do Norte dos anos 1960, o Flamengo, time pequeno que disputava o campeonato local, contava em suas fileiras com um zagueiro que mordia os atacantes.

Tratava-se de Goró, negrão forte, meio pesadão e sem a mobilidade ideal para acompanhar os adversários em jogadas de velocidade.

Para queimar etapas, no combate direto, não contava conversa. Partia para dentadas no sentido de intimidar e parar os atacantes.

O que mais sofreu com o uso dos dentes por parte de Goró foi o excepcional centroavante Joãozinho, do Icasa.

Como o atacante icasiano geralmente levava vantagem na disputa, a torcida presente ao velho e acanhado estádio da Liga Desportiva Juazeirense (LDJ) se levantava e gritava:

Morde, Goró! Morde, Goró!

Goró não decepcionava, e mordia mesmo.

Dupla de ataque: Carestia e Botija

Quando a gente era criança a subida dos preços não se chamava inflação.

O aumento do custo de vista era conhecido pelo nome de carestia.

Já que o assunto é economia, vale lembrar uma lenda que alardeava a existência de botijas recheadas de dinheiro. Elas seriam enterradas (não se sabe por quem) em buracos pelo chão.

Quem as encontrasse tirava a sorte grande e podia fazer a posse de rico.

Mas esquisito mesmo foi nos depararmos no terreno do inusitado, lá pelos anos 1970, com um atacante do Atlético de Souza-PB, camisa nove e tremendo artilheiro chamado Carestia.

Como a Paraíba é terra de forró e gente para lá de irreverente, o time atleticano tinha, para completar, como companheiro de Carestia um outro bom atacante que respondia pelo nome de Botija.

De caraterísticas diferentes, um articulava e o outro goleava.

Quer dizer: a carestia (inflação) era socorrida pela botija.

Os dois eram muito bons de bola e isso pude constatar.



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