Eu já disse que não faço parte de nenhuma organização defensora dos treinadores de futebol, pelo fato de tecer críticas aos critérios da cartolagem para trocar o comando técnico de suas equipes.
Mesmo porque, a culpa da falta de respeito para com esses profissionais é deles próprios, que não têm consciência de classe e permitem ao futebol brasileiro a ostentar a condição do que mais demite no mundo – um por semana.
Agora, o negócio ficou mais ridículo ainda com a dispensa solitária do treinador pelo fato do time, simplesmente, não prestar para nada.
Vamos começar pelo São Paulo. O clube vive de glórias já distantes, em termos de cenário mundial, mas tem uma equipe cara e ruim, jogadores badalados, que jogam pouco para os padrões desejados.
Nos últimos tempos, os treinadores foram escolhidos como “animais de sacrifício”, pelos fracassos acumulados do tricolor. Fernando Diniz lá está, preparado para ser queimado pela manjada fogueira da inquisição do Morumbi.
Num dos artifícios, o São Paulo vendeu a ideia de Daniel Alves como o “camisa dez”, farol do time, em torno de quem os outros iriam gravitar. O resultado foi pífio, a não ser para a imprensa bajuladora.
Duvido, por uma série de razões, que Rogério Ceni aceitasse uma proposta para dirigir o São Paulo, hoje,
Chegando ao futebol carioca, aí é que a coisa fica patética, com Botafogo e Fluminense, por exemplo, sempre buscando treinadores que façam o papel de culpados, pelos fracassos de times inexistentes.
O Fluminense ganha de outra “baba” por 4 X 0 e a sua torcida faz protesto, pedindo time à altura da história do clube das Laranjeiras.
O Botafogo, que vende qualquer promissor jogador por preço de banana, demite Paulo Autuori, como se isso fosse uma“grande providência”.
O que esses times se julgam ser, hoje, para continuar ganhando a vida com a mesma piada e desfaçatez?
A dispensa seguida de treinadores nada mais é do que uma justificativa repetida, fajuta e desavergonhada, usada sem o menor constrangimento, não causando a mínima repercussão.
E olha que estou falando sobre poucos, quando se sabe que, no atual futebol brasileiro, há um considerável número de times escorado no passado e na tradição, com uma pobreza em campo que faz dó.
Quando o Flamengo foi derrotado pelo Santo André, na decisão da Copa do Brasil de 2004, muitos desdenharam do pequeno clube paulista, ignorando o grande futebol jogado.
Mas, um iluminado cronista sacou uma frase que serve para os decadentes do nosso tempo: “Ganhou um time sem nome, de um nome sem time”.
Seria bom que coisas desse tipo servissem de reflexão, diante de falácias que imperam no meio futebolístico.