No inicio dos anos 60 do século passado, este comentarista despontou para o anonimato como jogador de futebol, no Nacional do Crato, time amador do mecânico Gecildo Rodrigues.
Era o tempo em que ser chamado de comunista era o pior dos insultos.
Nessa época, um time futebol obedecia ao que se compreendia como jogo de posições, ou de “guardar posições”.
Ponta guardava o seu lado, lateral, também, e, os meio-campistas tinham suas posições bem definidas no jogo pelo centro.
Lembro-me de ter sido escalado, certa vez, como half-volante (fazia dupla com o meia), recebendo a seguinte instrução: “Você vai realizar a função de se adiantar quando a gente atacar e, quando o time perder a bola tem que voltar rápido para marcar. Vai ter que correr mais do que os outros”.
Sim, porque no sistema 2-3-5 se tinha uma linha, com half-volante, center-half e half-esquerdo, e a tarefa de armar as jogadas era quase que exclusiva do meia-direita.
Vale dizer que não consegui realizar nenhuma das tarefas táticas que me foram confiadas pelo treinador. Não cheguei no ataque, pouco corri, tampouco marquei o adversário e mal peguei na bola.
Esse preâmbulo todo é para dizer que o jogo posicional não é uma grande novidade no futebol, como se anuncia.
Existe há muito tempo.
Claro que, hoje, não significa engessar posições com jogadores estáticos, desenvolvendo-se através da formação de duplas pelos lados do campo (para abrir espaços por dentro), triangulações em qualquer setor, mesmo entre zagueiros, no inicio de jogadas.
Trabalha-se com jogadas de aproximação, poucos toques e, quando alguém se movimenta, há ocupação do espaço deixado.
Enfim, move-se a bola de forma ordenada por todas as etapas do jogo, com estrutura posicional.
De resto, incorporando-se um pouco dos conceitos atuais, é a pressão exercida depois da perda da bola. Não tem nada demais.
Quase todo treinador, hoje em dia, precisa ser identificado por um tal de “estilo autoral”.
E aí, vende-se o velho como coisa “novíssima’.