A gangorra de treinadores à frente das equipes é uma marca deletéria do futebol brasileiro, exibida com a maior desfaçatez.
É bom ressaltar, mais uma vez, que, no passado, os laços de afetividade entre técnicos e clubes serviam como garantia de que as mudanças traziam efeitos positivos imediatos e, em alguns casos, até duradouros.
Tempos de Flávio Costa, Zezé Moreira, Tim, Osvaldo Brandão, Fleitas Solich e tantos outros.
Nos dias de hoje, as dispensas e contratações perderam o impacto que tinham no passado, por se tornarem corriqueiras.
São semelhantes a casamentos de celebridades, de pouco prazo de validade.
Por razões as mais diversas possíveis, aqui e ali, os clubes acertam a mão, como o Fortaleza, com Vojvodai, e o Flamengo, com Jorge Jesus.
Estamos falando de passagens marcantes na vida dos clubes, assinaladas pela conquista de reputações vencedoras.
O Tricolor do Picí, depois das passagens consideradas tristes, de Chamusca e Enderson Moreira (este nem tanto). trouxe da Argentina um nome desconhecido pela maioria.
Num estalar de dedos, Juan Pablo Vojvoda, sem medir o tamanho do desafio, assumiu o Leão e o colocou como sensação do campeonato brasileiro de 2021.
A imprensa sudestina está encantada com a forma de jogar do Fortaleza e as celebrações não cessam.
Antes que pululem as explicações dos “especialistas táticos”, diga-se que, diferente das exigências de tempo e contratações (naturais por parte de todos os treinadores), o argentino conseguiu internalizar, rapidamente, suas idéias de jogo no elenco.
Essa empatia imediata entre comandante e comandados não é uma coisa fácil de ser explicada, embora seja o que todo time busca, com as constantes mudanças: resultados positivos, no curtíssimo prazo.
Como entender, também, que um Jorge Jesus, conhecido por poucos, desembarque no Brasil e bote o time do Flamengo para jogar um futebol maravilhoso?
Para quem não se anima em entender essas coisas inexplicáveis do futebol e alimenta outras crenças, isso é coisa de feitiçaria.
Eu, hein?