O Clássico, o passe e a finalização

Foto: Kid Junior

Embora a queixa maior seja do Fortaleza, o Ceará também peca nesses fundamentos primordiais no futebol: o passe e a finalização.

Os dois são irmãos siameses, um depende do outro e precisam andar juntos.

O passe açucarado é ótimo, desde que seu beneficiário tenha a glicose controlada, e não acredito que a combinação com a finalização não seja produto de muito ensaio.

Reconhecemos ser o passe uma característica do futebol do Velho Mundo, símbolo do jogo coletivo, que anda ganhando, em importância, do drible, recurso mais sul-americano.

Chamusca não tem reclamado tanto da construção (no passe) e, sim, das finalizações, com muita razão, diga-se.

O Ceará, sabidamente, tem mais músculos no seu meio-campo (lugar de criação do passe) do que o toque mais apurado de primeira.

Na impossibilidade de reconciliar o passe e a finalização, é desagradável acompanhar, quando os dois se decidem pela bola alta na área, em busca de uma cabeçada perdida no bolo de jogadores. Eu não chamaria isso de jogada ensaiada.

Entendo que os treinadores, mesmo com a exiguidade de tempo para treinamentos, estejam suando em bicas para resolver o problema, com vistas ao Clássico do domingo.

Os dois últimos resultados – derrotas por 2 x 1 – deixaram um travo de insatisfação, pela perda de oportunidade de um salto na tábua de classificação.

Ano passado, revendo o Brasil 4 x 1 Itália, quando não existia essa coisa chata chamada estatística, fiquei meio incrédulo com a quantidade de passes e finalizações erradas da sacrossanta Seleção Brasileira.

Não acreditei no que vi, naturalmente entendendo que, dominado pela emoção na hora do jogo decisivo em 1970, não dava mesmo para enxergar nenhum erro.

Só que Rivellino esticou uma bola para Pelé marcar de cabeça, Gerson deu uma paulada de fora da área e guardou; o mesmo Gerson meteu, num passe longo, uma bola para o Rei escorar para Jairzinho e, finalmente, depois de uma troca de passes e dribles, Pelé rolou para Carlos Alberto fechar a conta.

Só que aí, estamos falando da maior Seleção que o Brasil formou na sua história.