Quando Armando Nogueira falava maravilhas da seleção da Hungria, de 1954, Nelson Rodrigues, seu amigo, ironizava.
Dizem que essa seleção do notável jogador Puskas foi a avó do Carrossel Holandês. Era um tempo de futebol pelo rádio.
Para Nelson, só existia o futebol brasileiro, a nossa seleção, a "pátria de chuteiras". E achava que Armando exagerava quanto à Hungria.
Soube que, em determinado momento, o grande jornalista se aborreceu com isso.
Há bastante tempo, esse locutor que vos fala ouvia e lia sobre o treinador Fernando Diniz e suas ideias dissonantes do que se praticava no futebol brasileiro.
Diziam: "Ora, são experiências táticas diferentes, só possíveis em times pequenos". De fato, dirigente de time grande não quer saber de inovações, só deseja imediato resultado.
E Fernando Diniz foi perdendo, mais do que ganhando, abraçado às suas convicções.
O “dinizismo” foi criado em torno do seu nome, com grande carga de ironia. Como se fosse uma forma experimental de jogar, inventada por um "Professor Pardal".
Chegou à seleção brasileira que, nos jogos sob a sua direção, não tem nenhuma marca do seu trabalho, por falta de tempo.
Agora, misturando jogadores velhos, novos e muitos de categoria mediana, mas devotados aos seus métodos, Fernando Diniz acaba de ganhar o título da Libertadores.
Assim, da mesma forma que "a seleção húngara de Armando Nogueira", segundo Nelson Rodrigues, o Fluminense de Fernando Diniz é uma realidade palpável.
Já estão implorando até pela publicação rápida de um livro sobre Diniz e suas ideias inovadoras.