Tenho procurado conversar, com companheiros de crônica, a respeito dos caminhos do futebol brasileiro e do nosso papel como especialistas no assunto.
Sinto haver concordância, quando enxergo a disparidade de opiniões sobre times, treinadores e jogadores, em análises que encontram virtudes onde, muitas vezes, elas não existem.
Ou são incensadas de forma excessiva, salvo em parte, por raras individualidades ou curtos contextos favoráveis.
Os dirigentes, cada vez mais profissionalizados, fazem a sua parte, na escolha de treinadores e jogadores. Mas, é no colo da crônica esportiva que cai a tarefa de analisar.
A supervalorização de jogadores de mediana capacidade cria uma situação de endeusamento e, ao mesmo tempo, de críticas desfavoráveis e virulentas.
Um choque, uma contradição que resulta da superestimação por parte da mídia esportiva.
Não é possível aceitar que, por ter vencido o Ceará por 3 X 1, o Corinthians passe a ser, um dia após o jogo, “um time que, afinal, encontrou a fórmula ideal de jogar” como comentou um eufórico articulista.
Esse é apenas um pequeno exemplo do que se observa corriqueiramente, com análises cada vez mais artificializadas e efêmeras, ao sabor dos resultados.
No caso dos treinadores, sabe-se que colocar uma formação na defensiva e procurar aproveitar as brechas para atacar é muito mais fácil do que procurar a posse de bola e propor o jogo.
Entanto, com a observação apressada dos analistas, consagra-se isso como uma fórmula vencedora, um modelo novo criado, num estalar de dedos.
Mais cedo do que se possa imaginar, a verdade acaba aparecendo, num lance de desgaste, para quem é (ou se julga) caixa de ressonância do torcedor.
É preciso controlar opiniões eivadas de exagero.
Mas, opinião é como vacina: cada um toma a sua.