As Duas Paixões de um mesmo Ceará

Veja a análise do comentarista Wilton Bezerra

Legenda: Jogadores do time "reserva" do Ceará, com Jorginho em evidência, e Vina, símbolo da equipe "titular" do Alvinegro
Foto: Kid Júnior e Thiago Gadelha

Antigamente, há cerca de 50 anos, quando os tempos modernos ainda não tinham transformado a linguagem do futebol num porre (pior é a ressaca), time que não escalasse os titulares era chamado de “segundo quadro”.

Argumentando sobre um insano calendário esportivo (parece até que somente o comentarista falava sobre isso), Guto Ferreira lançou mão de uma formação reserva na estreia do Ceará no campeonato nacional.

A vitória sobre o Grêmio, por 3 X 2, num jogo de incríveis gols assinalados pelos dois times, continua repercutindo de forma tão impactante que o torcedor alvinegro já coloca, apressadamente, a seguinte questão: se os consagrados titulares não rendem, por que não escalar mais vezes o pessoal de fôlego novo?

Aliás, instado antes do jogo diante do Grêmio, para falar da pressão sofrida em função dos últimos resultados, o “Gordiola” não “queimou bem” e, sugeriu que a pergunta fosse feita sobre o trabalho para superar a massacrante programação de jogos.

Como em qualquer grande time, os maus resultados alteram o humor das pessoas envolvidas nas tarefas do dia a dia.

Entanto, o time titular do Ceará necessita apresentar melhor rendimento, antes que a torcida caia de paixão pelo “segundo quadro” alvinegro.

E aí, impossível não recorrer ao maior frasista do Brasil, Nelson Rodrigues: “As paixões são exclusivas. Duas paixões se excluem pela suspeita da traição”.

Lirismo à parte, vale lembrar que, tanto “primeiro” como “segundo quadro”, tudo é Ceará.