Bem sabemos que, tanto na vida como no futebol, as vitórias e derrotas são impostoras.
Elas não são para sempre.
Nos dois últimos Campeonatos Brasileiros, enquanto chegava a uma situação de paroxismo em matéria de angústia, o Alvinegro via ao mesmo tempo o seu maior rival, o Fortaleza, alcançar privilegiada posição.
Faltando nove jogos para o final do certame 2020, o cenário se inverteu completamente a favor do Ceará.
Não é, para os mais conscientes, um quadro desejável para o futebol cearense, mesmo se respeitando a dura rivalidade que não permite concessões.
O ideal seria que as duas locomotivas estivessem em situação de equilíbrio.
O Ceará decretou que “sofrência” (termo emprestado pela música brega) nunca mais, e visa, agora, singrar outros mares na competição nacional.
Se o objetivo é marcar uma posição de realce, depois da celebração da vitória sobre o Flamengo, ainda há muito por se concretizar.
Foi com a descoberta da musculatura para uso coletivo que Guto Ferreira provou ser possível associar esse estilo de jogo mais forte, sem desdenhar das aventuras individuais.
Bom reafirmar: é função do gestor de pessoas descobrir aptidões.
Vina, o destaque maior do time, emblematiza isso: velocidade, participação na marcação, elaboração de jogadas e gols.
Pelo lado do Fortaleza, novo endereço das aflições, ninguém jamais imaginou que o Tricolor chegasse a situação de aperto em que se colocou.
Junte-se a miséria organizacional do calendário brasileiro e a pandemia, males que afetaram a todos, mais a troca de treinadores (o que mais afetou) e vamos encontrar as razões do declínio.
Também, não vamos chegar ao ponto de afirmar que se trata de um caso de demolição do time tricolor.
A boa partida frente ao Grêmio mostrou ao treinador que chega as possibilidades de extrair boas soluções do bom elenco à sua disposição.
Afinal, nunca é demais repetir que cada treinador tem o seu jeito para resolver problemas.
Enderson Moreira vai ter de usar o melhor do seu repertório.