Principal apoiador de Bolsonaro no Ceará em 2018 se ausenta de pré-campanha bolsonarista em 2022

Heitor Freire não tem a mesma relação com o bolsonarismo como em 2018

Legenda: Deputado Heitor Freire foi o único deputado federal bolsonarista eleito pelo Ceará em 2018
Foto: Saulo Roberto

"Homem de Bolsonaro" no Ceará em 2018, o deputado federal Heitor Freire (UB) está afastado das atividades de pré-campanha a favor do presidente no Estado. Na visita de Bolsonaro a Fortaleza, neste sábado (16), o parlamentar mais uma vez não compareceu ao evento.

De acordo com a assessoria de imprensa, o deputado estava "cumprindo agenda previamente fechada pelo Cariri". A verdade é que a ligação entre o parlamentar e o presidente é completamente diferente da que foi vista há quatro anos.

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Desde que se elegeu deputado com o eleitorado bolsonarista no Ceará, Heitor enfrentou algumas crises na relação com o extinto PSL e articuladores de Jair Bolsonaro.

Quem acabou ganhando lugar de destaque na interlocução do Ceará com o Palácio do Planalto foram o deputado estadual André Fernandes (PL), além do vereador de Fortaleza, Carmelo Neto (PL).

Áudio vazado

Ainda em outubro de 2019, o vazamento de um áudio marcou a primeira crise entre o parlamentar e o presidente da República.

A negociação para que o filho de Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP), assumisse a liderança do extinto PSL na Câmara dos Deputados acabou desgastando as relações com dirigentes da sigla e o Planalto.

Na época, Bolsonaro articulava apoio da maioria dos congressistas para o filho ocupar o posto. Aliados de Luciano Bivar, no entanto, priorizavam a permanência do deputado Delegado Waldir. O racha ficou visível. 

Freire admitiu a conversa com o mandatário, mas negou ter vazado o áudio. Nas redes sociais, André Fernandes chegou a chamar Heitor de "traidor do Bolsonaro".

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Denúncia das "fake news"

Em maio de 2020, Heitor Freire denunciou esquema de "fake news" ligado ao Palácio do Planalto. Segundo o parlamentar, haveria a existência de um grupo conhecido como "gabinete do ódio".

As informações foram investigadas pelo Supremo Tribunal Federal. O episódio marcou um grande desgaste na gestão federal. Mandatos de busca e apreensão contra blogueiros, parlamentares e empresários ligados a Bolsonaro chacoalharam a República.

Virando a chave 

O deputado, agora, tem mudado a estratégia para 2022. Mais distante do bolsonarismo, ele tem buscado parcerias com prefeituras para a disputa eleitoral.

É através das emendas impositivas que o parlamentar tem reforçado o caixa de prefeituras, inclusive as de oposição ao governo Bolsonaro, para garantir a reeleição.

Neste sábado, por exemplo, Heitor cumpria agendas em Mauriti, Brejo Santo, Missão Velha, Penaforte e Crato.

Apesar de estar ao lado de Capitão Wagner (UB) para a eleição de governo estadual, o deputado não tem mais publicado nas redes sociais referências ao presidente da República.